A Copa Santa Catarina começa neste domingo com um protagonista que enxerga no torneio uma oportunidade de recomeçar. Rebaixado em três divisões nacionais nos últimos quatro anos, o Joinville chegou ao fundo do poço, lugar que, por sinal, o clube conhece bem. Em 2009, quando estava fora de série, foi a partir da Copinha que o JEC iniciou uma arrancada que o levou à Série A em 2015. O título da competição garantiu o Tricolor como um dos participantes da Série D de 2010. Dali em diante, foram três acessos em cinco anos, com dois títulos nacionais.

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A direção do clube decidiu apostar na Copinha para reestruturar o departamento de futebol e dar o primeiro passo para repetir a história. Se tudo der certo, o retorno à elite ocorrerá em 2022. Hoje, parece um sonho distante. Mas em 2009 também era. Peça-chave no título naquele ano, o lateral-direito Rafael Tesser lembra bem de todo o trabalho realizado.

– Pouca gente sabe, mas em 2009 a gente falava no vestiário que o nosso projeto era Série A em 2012. Nunca divulgamos isso para não criar expectativas exageradas. Mas a gente sempre brincou com isso – revela Tesser.

Segundo o ex-atleta, cinco pontos foram fundamentais para o projeto funcionar: bom time; ambiente saudável (com salários em dia); comando técnico firme (Sergio Ramirez era o treinador); gestão das promessas (o que era combinado precisava ser cumprido); e aceitação da realidade.

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– As pessoas acham que é só juntar um bom time para as coisas funcionarem. Não é bem assim. Tudo tem que caminhar bem. Se todo mundo não remar na mesma direção, você nunca alcançará o objetivo – recomenda.

E quando Tesser fala de “todo mundo”, ele descreve a palavra literalmente para citar os envolvidos com o clube.

– Se o massagista estiver com salários atrasados, ele faz o tratamento de qualquer jeito. O jogador fica sensibilizado pela dificuldade do profissional que ganha menos e passa a não confiar na diretoria. Daí o discurso do treinador não encaixa, tudo começa a desandar. Se você promete uma bala, você tem que cumprir – diz.

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Com promessas cumpridas, se formou um elenco campeão e uma boa base que conseguiu o acesso para a Série C. Dos campeões da Copinha, participaram do salto para a Terceira Divisão o goleiro Fabiano; Tesser; os volantes Carlinhos Santos e Paulinho Dias; e o meia Ricardinho.

– Deu certo, fora de campo as coisas foram cumpridas e dentro de campo funcionou. Jogador conversa muito. Quando recebemos uma proposta, já sabemos pelos contatos que temos como está o clube. Tem gente que oferece mais, em campeonatos melhores, mas não cumpre. E as escolhas são feitas por crenças em projetos – reforça o ex-jogador.

Joinville mantém os pés no chão na Copa SC

Pelo menos na teoria, o novo Joinville tem seguido à risca o que recomenda Rafael Tesser. O novo gerente de futebol, Agnello Gonçalves, trabalha com um teto salarial de R$ 200 mil mensais (valor que inclui viagens e concentrações). Com o orçamento baixo, contratou seis jogadores e aposta no cumprimento das promessas para convencê-los a permanecer no projeto e recuperar a credibilidade para trazer outras peças.

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Mas a torcida também desempenha um papel importante. Com tantos rebaixamentos nos últimos anos, ela deixou de frequentar a Arena. Para Tesser, só com a aceitação do novo momento e engajamento de todos o Joinville sairá do buraco.

– Não adianta pensar em Série B e Série A agora. Sem ganhar a Copa Santa Catarina, passar pela Série D, pela Série C, não se chegará lá. Foi o que fizemos na época e é o que precisa ser feito agora – conclui Tesser.

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