Lutar é algo que está no sangue dos Malegarie. A família argentina se mudou para Florianópolis em 2001. Em meio à crise, vendeu o que tinha na cidade de Arrecifes, próxima a Buenos Aires, e desembarcou em uma casa em Ponta das Canas. E o local, que tem um terreno grande, também é a academia que Nazareno “El Tigre” Malegarie, 30 anos, ex-UFC e Bellator. É lá que ele faz a sua preparação física ao lado do pai, Roberto Malegarie, o Papa, ou Betinho para os manés.
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Nazareno Malegarie vence no Pancrase e já mira luta na volta do Smash Fight
A vida de Nazareno é lutar, é assim desde o começo. Betinho é um grande fã de boxe e fez de tudo para que os filhos, Juan é o mais velho e mora na Argentina, seguissem esse caminho. Nazareno seguiu a ideia do pai, tem 26 vitórias e quatro derrotas no MMA, e nesta sexta-feira, dia 28, disputa o cinturão peso-pena (66kg) do Smash Fight, em Curitiba, contra Bruno Crocop. Pra quem ganhava presentes quando vencia uma briga na infância, lutar é mais do que natural.
Ex-UFC Nazareno Malegarie fala da carreira e da chegada a Florianópolis
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“Está faltando alguma coisa. O sonho era fazer uma carreira dentro do evento, não fazer uma luta e sair (ele foi cortado após perder para Neto BJJ). É conseguir conquistar outras coisas, ganhar o seu dinheiro e deixar o nome. Não é que eu me envergonhe, não tenho arrependimento, mas sinto que falta alguma coisa, uma revanche”.
Lutas marcantes
“Tem uma que marcou que foi a minha primeira luta internacional, contra o Daniel Straus, no Bellator. Foi uma luta muito parelha que perdi por decisão. Outra foi numa garagem de um shopping em Itapema, um evento bem underground, ao lado das colunas do estacionamento. Lutei com um cara duro de Curitiba e venci por finalização com um minuto e pouco. Estava muito nervoso, mas atropelei o cara. E outra foi a penúltima, no Japão, contra o Hiroyuki Takaya, campeão de lá e muito famoso lá e uma lenda. Foi tipo Demian Maia, ele não conseguiu me acertar um soco, dominei do início ao fim e deu uma nova esperança na carreira após essa passagem no UFC”.
Como é visto na Argentina
“Eu vim pra cá muito cedo, tenho mais tempo aqui do que na Argentina e me formei como homem no Brasil. Lá eu sou ídolo. O Brasil tem muitos campeões no MMA, mas lá carece e tem pouco lutador. O pessoal me adora, o evento Arena Tour me deu muita visibilidade lá”
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Rivalidade na hora de lutar
“Sinceramente, a única coisa que passa na minha cabeça é começar a luta, botar pra baixo, bater nele e finalizar. Ganhar a luta o mais rápido possível, eu só espero terminar com o meu braço levantado. Esse é o meu compromisso pra fechar o ano com 100% de aproveitamento. Da outra vez que lutei no Smash Fight fui xingado pra caramba (por ser argentino) por ter enfrentado um cara de lá, o André Toquinho (risos)”.
Objetivo daqui pra frente
“Eu espero chegar em 50 lutas, já fiz 34, e ainda tenho muita lenha pra queimar. Tô com 30 anos, no auge da minha carreira, principalmente na parte mental. Antes eu me cobrava muito, que eu tinha que ir lá e arrancar a cabeça do cara, mas agora estou muito mais tranquilo. Consigo enxergar a luta, trabalhar em cima dos erros do adversário, e após essa passagem pelo TUF e pelo UFC consegui chegar na minha maturidade como lutador”.
Argentino mané
“Aqui no bairro eu sou o representante deles, eu amo o Brasil. Daqui a pouco os meus pais devem voltar pra morar Argentina, mas eu não enxergo a minha vida fora de Florianópolis, do norte da Ilha. Eu não pretendo sair daqui. O meu bairro é a minha academia”.
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Gosto da derrota
“O sabor da derrota é sempre amargo, sempre horrível. Não adianta se enfiar em desculpas, perdi do mesmo jeito. Eu tento sempre achar os erros pra corrigir e não repetir. É isso que tiro de aprendizado das derrotas”.
