A tesoureira da Pastoral Carcerária de Florianópolis, Leila Pivatto, não se abalou com o furto de R$ 33 mil da sede da entidade, no dia 19 de março. O caso se tornou público nesta quarta-feira (30). Conforme a religiosa, o trabalho continua normalmente na pastoral, que fica dentro do Complexo Prisional da Agronômica e presta serviço social aos presos.

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O caso está sendo investigado pela 5ª Delegacia de Florianópolis, que não divulgou se há suspeitos. Em frente à sede, há uma guarita com segurança privada, mas os profissionais não falaram sobre o furto.

A pastoral acredita que tenha sido um ex-detento que cometeu o crime, já que muitos sabiam da existência de dinheiro ali. Em entrevista ao jornal Hora, Leila disse acreditar que a notícia do furto denigre ainda mais a imagem dos presos, e que não se pode condenar os quase mil internos pela atitude de um só.

“Não se pode julgar mil presos por causa de um”, diz tesoureira da Pastoral Carcerária

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Como é o feito o trabalho da Pastoral Carcerária com os detentos?

A pastoral está dentro do Complexo da Agronômica. Então a gente atende os presos o dia inteiro, seja com assistente social, dentistas, psicólogos, médicos. A família do preso também vem muito aqui, a gente escuta o choro da família. E quando o preso sai da penitenciária, muitos passam aqui para pegar dinheiro para a passagem. Então a gente não gostaria que noticiassem, mas agora todo mundo já sabe. Foi um caso isolado, foi um preso, e aqui são mil presos, então não dá pra julgar todos por causa de um. A gente fica triste porque esse dinheiro era deles mesmos.

Esse dinheiro seria usado para quê?

Na verdade, estávamos fazendo um bazar, e o dinheiro estava envolvido com o bazar. Nós também temos funcionários e o salário deles estava junto. Mas não é por isso que a gente vai deixar de fazer nosso trabalho, já marcamos outro bazar inclusive e vamos seguir em frente.

Como vocês reagem quando dizem que o trabalho da pastoral é defender bandido?

Não é passar a mão. A gente quer que eles paguem a pena, só que eles têm que cumprir com dignidade, como manda a lei de execução penal. Que eles tenham direito à saúde e educação para saírem melhores do que entraram. Ninguém fica mais do que cinco anos preso, então tem que aproveitar o pouco tempo para educar. Não aprendem nem a ler. Agora, se trata mal, se deixa o preso fechado o tempo todo, ele só vai maquinar mais maldades.

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E agora a pastoral, como fica? Vai instalar um cofre?

Agora a gente aprendeu a lição. Vamos ganhar um cofre da OAB. E também a gente nunca tinha tanto dinheiro assim, foi o momento mesmo. O ladrão nem imaginava que teria essa quantia. Mas já colocamos uma grade alta, então estamos prevenidos.