Às vésperas de terminar o ano letivo, começa um novo período de apreensão para mais de 4,7 mil mães na região: a busca por uma vaga na Educação Infantil. Entre os nove municípios do Litoral, oito têm lista de espera para crianças de zero a cinco anos. Em Itajaí, onde a situação é mais grave, o déficit ultrapassa três mil vagas – número que corresponde a quase 40% das oito mil vagas que são ofertadas pelo município.
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Mãe de uma menina de dois anos e moradora do Bairro Cidade Nova, um dos que tem o maior déficit de vagas em Itajaí, Aline Regina de Almeida, 22, espera a criança ser chamada há mais de um ano. Enquanto a vaga não aparece, ela não pode voltar a trabalhar.
– Quero ter um trabalho, mas não tenho com quem deixar minha filha. Durante a campanha candidatos a vereador vieram à minha casa e me prometeram a vaga, mas nada aconteceu. Também já fui ao fórum pedir ajuda, mas não adiantou – diz.
Assim como Aline, 10 a 15 pessoas procuram diariamente a Defensoria Dativa do fórum de Itajaí em busca de auxílio jurídico para garantir vagas em creches. A demanda corresponde a 40% do trabalho dos advogados gratuitos. Para acelerar o atendimento, o Ministério Público ofereceu ao município um termo de ajuste de conduta (TAC) que prevê a criação de 750 novas vagas em 2013.
Para cumprir o acordo, a prefeitura vai ampliar unidades, alugar e construir novas creches. Déficit histórico Para o secretário de Educação de Itajaí, Edison D`Ávilla, a falta de vagas é resultado de um déficit histórico entre o aumento de vagas e a demanda, resultado do crescimento populacional que a cidade experimentou nas últimas décadas.
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Segundo ele, de janeiro a novembro de 2012 a cidade registrou 2,1 mil nascimentos e, somente para suprir esta demanda, seria necessária a construção de 10 novas unidades de ensino com vagas para 200 crianças em cada uma:
– Hoje não há recursos públicos em quantidade suficiente para construirmos 10 creches anualmente. A solução para a falta de vagas será a médio e longo prazo, isso se pudermos contar com a colaboração do governo federal. Sem isto, não há solução.
Déficit aumenta com a migração
Mãe de uma menina de três anos e um menino de um, Cristiane Ceula, 20, aguarda há oito meses a abertura de vaga nas creches do Bairro dos Municípios, em Balneário Camboriú. Sem condições de pagar uma babá, ela fica em casa com as crianças e depende da renda da mãe para se sustentar.
– Eu queria conseguir uma vaga antes da temporada, que é a época em que há mais oferta de emprego e me daria mais chances de trabalho durante o inverno – diz Cristiane.
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Ivone Alves, 46, mãe de Cristiane, se desdobra em três turnos de trabalho para pagar as contas da casa:
– Enquanto ela não puder trabalhar, não posso arrumar a minha casa. Perdi tudo na enchente de 2008 e ainda não consegui recuperar – reclama.
Em Balneário, a situação se repete em mais de 600 famílias que ainda aguardam vagas em creches. A cidade é uma das que mais recebe migrantes no Litoral, o que faz com que a demanda cresça sempre.
– Não acredito em zerar a fila. O que podemos é diminuir os números – diz a diretora de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação, Zelia Zanella.
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Vagas sobram em algumas unidades
Entre os nove municípios da região, Itapema é o único que não tem déficit de vagas na Educação Infantil. Mesmo assim, as filas existem. A secretária de Educação, Marina Gobbo Agnoletto, explica que enquanto alguns bairros têm uma procura acima da média – caso da Meia Praia – em outros há lugar para novos alunos, mas não existe interesse dos pais:
– Temos vagas disponíveis para todas as faixas etárias, mas nem sempre no bairro que a família procura.
Ao contrário de Itajaí e Balneário Camboriú, que trabalham com o sistema de fila única, em que os pais podem acompanhar o preenchimento das vagas, Itapema tem um cadastro para cada escola. Na lista consta o bairro de origem e o nome completo da criança. Segundo a secretária, quando a vaga surge numa creche que não é a primeira opção da família, o município oferece transporte escolar gratuito.