Mais de 90% dos animais marinhos encontrados na areia das praias de Florianópolis, neste ano, estavam mortos. Dos 3.138 que chegaram na Ilha de Santa Catarina, entre aves, mamíferos e tartarugas, apenas 284 foram achados vivos.
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Pinguins eram a maioria, segundo dados da associação R3 Animal. Os mamíferos chegam no litoral catarinense anualmente, entre junho e novembro, em um movimento migratório vindos da Argentina e do Chile. No entanto, parte deles acaba morrendo durante o caminho ou, então, se perde da família e chega sozinho ao litoral.
Mais de 2.200 pinguins foram encontrados sem vida em Florianópolis apenas entre janeiro e outubro deste ano. O número significa uma média de sete animais da espécie encontrados mortos diariamente na Capital, o que representa o maior dado de uma série histórica de seis anos.
Até 2020, os dados de morte pinguins não haviam passado de mil. Em 2021, porém, o número de animais encontrados já sem vida na Ilha de SC chegou a 1.550 e, neste ano, cresceu quase 70%.
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Conheça como funciona a reabilitação dos pinguins
Segundo Emanuel Ferreira, gerente do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMB-BS), ao qual pertence a R3 Animal, os animais vivos que chegam em Florianópolis estão, geralmente, debilitados por causas naturais ou interação humana, como lixo e atividade pesqueira.
Neste ano, no entanto, foi identificado, segundo a associação, um parasita respiratório nos pinguins. No ano passado, a doença já havia sido identificada, mas se intensificou durante a temporada deste ano.
— A gente tem visto um aumento destes parasitas de sistema respiratório nos pinguins, tanto nos animais que chegam mortos, quanto os que vem pra reabilitação. Eles chegam com bastante alteração respiratória e o parasita é confirmado nos exames complentares — comenta a veterinária do PMB-BS Marzia Antonelli.
Por equanto, segundo a especialista, nâo tem nada que comprove o motivo desse aumento. A hipótese, porém, é de que os pinguins estejam tendo uma mudança alimentar, devido à temperatura mais alta do oceano atlântico.
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Número totais de animais encontrados
Entre o número total de animais mortos, além dos pinguins, estão gaivotas, fragatas, atobás e aves. Apesar do número alto, 170 dos deles foram reabilitados e devolvidos ao habitat natural.
- Pinguins encontrados: 2.564 l Mortos: 2.399
- Mamíferos – entre lobo-marinho, leão-marinho, baleias e golfinhos: 51
- Toninhas mortas: 26, sendo duas delas fêmeas grávidas
- Tartarugas encontradas: 2078 l Mortos: 203
Número de reabilitados
- Gaivotas: 98
- Pinguins: 31
- Fragatas: 8
- Atobás: 11
- Procelariformes: 5 – aves oceânicas, 2 albatrozes, 2 petréis e 1 pardela
- Lobo-marinho: 1
A principal causa das mortes gerais, segundo a veterinária, é a interação com a pesca. No último mês, três toninhas, animal ameaçado de extinção, foram encontradas mortas em Florianópolis. Ainda que em estágio avançado de decomposição, a necropsia aponta, conforme a especialista, que duas delas tinham redes de pesca obstruindo a boca, o que pode ter contribuído para o óbito.
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O que é a R3 Animal
A R3 Animal, que integra o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), faz o atendimento veterinário dos animais encontrados vivos e a necropsia dos achados mortos. O objetivo do projeto é avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos.
O que fazer ao encontrar um animal marinho morto ou debilitado
- Caso encontre um mamífero, ave ou tartaruga marinha debilitada ou morta na praia, ligue para 0800 642 3341
- Mantenha distância e ajude a isolar a área
- Evite contato desses mamíferos ou outros animais silvestres com bichos de estimação, pois eles podem transmitir doença entre si. Os cachorros também podem atacar o animal
- Evite tirar fotos com o uso de flash, nem forneça alimentos ou force o animal a entrar na água
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