Nos arquivos da Comissão da Verdade estadual há uma lista com pelo menos 65 nomes de pessoas que foram presas durante a ditadura, algumas delas imediatamente após o golpe de 1964 ou em investigações concluídas em 1965. Os nomes incluem integrantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), sindicalistas, jornalistas, religiosos, estudantes e políticos da época. Em cada cidade, algumas peculiaridades acompanhavam os fichamentos e as prisões.
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Em São Bento do Sul, onde o sindicato da indústria moveleira ganhava força, os líderes das entidades acabaram sendo fichados e presos. Em São Francisco do Sul e Araquari, os alvos foram grupos ligados ao trabalho de logística do Porto de São Francisco do Sul. Os presos eram levados principalmente para Florianópolis e Curitiba.
Durante os trabalhos da Comissão no ano passado, os depoimentos dos presos – que relataram como foi a detenção e o cotidiano dentro das prisões no Estado e no Paraná – passaram a ser documentos oficiais, que serão levados à Comissão Nacional da Verdade.
Revolução ou golpe?
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Durante as últimas décadas, o golpe civil militar de 1964 foi tratado, inclusive nas escolas, como a revolução que impediu a tomada do poder pelos comunistas no País. Hoje há um consenso entre historiadores de que foi mesmo um golpe político militar liderado pelas Forças Armadas, mas com amplo apoio de instituições – como a OAB, a ABI, a Igreja Católica – e parte da sociedade civil, inclusive a imprensa. Os militares encontraram na iminência de uma tomada de poder pelos comunistas no País o motivo para destituir do poder o presidente João Goulart.