Quase meia centena de especialistas em acidentes graves se concentra entre Santos e São Paulo para tentar elucidar as causas do desastre que matou o presidenciável Eduardo Campos (PSB). Desses, 40 são do Departamento Médico Legal (DML) do governo estadual paulista. No grupo, estão 10 peritos em genética forense, dedicados especificamente a identificar um a um os sete mortos na queda do avião Cessna sobre o bairro do Boqueirão, em Santos. A tarefa não é fácil, porque os cadáveres sofreram muitas mutilações – não seria propriamente uma queda e, sim, um voo direto para o solo. Parte dos corpos ainda se encontra no terreno, e os especialistas resgatam um a um, para posterior identificação do material genético.
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Entre os objetos que ajudam a confirmar a morte de Eduardo Campos está sua carteira pessoal, encontrada pelos bombeiros, conforme diz o capitão responsável pelos trabalhos da corporação na área, Marcos Palombo.
Outros 10 peritos são da Polícia Federal e procuram pistas do que pode ter causado o desastre. Uma das missões dos agentes é verificar a possibilidade de atentado – mesmo que eles achem isso pouco provável, já que não há tradição de crimes desse tipo envolvendo presidenciáveis no Brasil. Por fim, o local do acidente também é vasculhado por especialistas do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) da Aeronáutica. A meta deles é verificar possíveis erros na trajetória da aeronave.
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Os especialistas aeronáuticos já sabem que o jato bimotor Cessna estava em descida com vento de cauda, durante chuva. O vento na traseira é desaconselhado para quem pousa, porque pode provocar instabilidade e excesso de velocidade na aeronave. Não sabem ainda por que o piloto fazia essa trajetória, já que o aconselhado é aterrissar com vento pela frente, para frear o avião. Eles conferem também se alguma das turbinas mostra indícios de incêndio, já que algumas testemunhas relatam ter visto fogo num dos motores, situados junto à cauda do aparelho. Uma delas é a dona de casa Regina Célia Meringuer, 55 anos e moradora da Rua Alexandre Herculano, a mais atingida pelos destroços. Ela afirma ter visto chamas na cauda da aeronave quando ela passou, direto e inclinada, rumo ao solo. Tudo antes de bater. Mistério que só os peritos podem resolver.
Os bombeiros localizaram na madrugada desta quinta-feira a cabine do avião, com partes de corpos dentro. Estava embaixo da laje de uma casa, enterrada. Isso reforça a hipótese de que o jato tenha batido com toda a força no solo, em voo inclinado e não na horizontal, como seria de supor numa aeronave que tenta pousar.
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