No dia 2 de abril, encerrou o prazo para troca de partido entre aqueles que pretendem concorrer às eleições municipais. Em Joinville, cinco vereadores mudaram de legenda. Isto representa 26% do quadro de parlamentares.
Continua depois da publicidade
:: Leia mais sobre Joinville e região em A Notícia
Nos quatro anos de mandato, o número sobe para oito. Ou seja, 42% dos políticos que estão terminando a legislatura defendem siglas diferentes daquelas que o eleitor depositou a confiança na urna eletrônica.
Divergências internas prevaleceram. Disputas por poder, discordâncias sobre o posicionamento em relação ao governo municipal, falta de espaço para entrar na disputa eleitoral ou de liberdade para defender convicções serviram de justificativa.
Continua depois da publicidade
Na reta final, a principal crise ocorreu dentro do PSDB. Três vereadores, Fábio Dalonso, Maurício Peixer e Roberto Bisoni não chegaram a ser expulsos oficialmente. Embora a comissão de ética do partido tenha aberto processo de expulsão, eles acabaram pedindo a desfiliação.
Entre os motivos, estavam a falta de apoio da sigla para concorrerem ao próximo pleito e o fato de ambos não aceitarem o ingresso de outros dois vereadores ao partido: Odir Nunes e Maycon Cesar.
As últimas mudanças enfraqueceram a oposição do prefeito Udo Döhler no Legislativo. O PSDB, que tinha três representantes passa a ter duas cadeiras. O PT sofreu duas baixas, ficando com apenas um parlamentar. O partido do prefeito, PMDB, manteve os quatro vereadores.
Continua depois da publicidade
Três siglas em quatro anos
Nos quatro anos de mandato, Odir e Maycon foram os recordistas de troca, três cada um. Maycon foi eleito pelo PR. Em 2013, passou para o PPS. Dois anos depois deixou a sigla, após o próprio partido pedir a saída dele, e ingressou no PSDB.
– Minha família trabalhou para o deputado Marco Tebaldi, tenho identificação com o partido, e fui um dos poucos a fazer oposição ferrenha ao governo Udo Döhler- explicou o vereador Maycon Cesar.
Já Odir chegou à Câmara de Vereadores de Joinville pelo PSD. Em 2014, deixou o partido para fundar, no município, o Solidariedade. No ano passado, decidiu pelo PSDB. – Eu sempre tive um grupo político, que era do PFL, depois DEM e então PSD. Fui para o Solidariedade para fundar o partido. Em 2015, o deputado Tebaldi me convidou para ir para o PSDB. No governo Tebaldi, eu fui o líder dele no Legislativo – conta Odir Nunes.
Continua depois da publicidade
Distanciamento
Todo candidato faz promessas durante a campanha. Se o parlamentar troca de legenda no meio do mandato, o que acontece com as bandeiras defendidas quando estava na sigla anterior? Na prática, nada. Os vereadores ouvidos na reportagem garantem que continuam lutando pelas mesmas coisas. A maioria não atrela suas causas à sigla.
Entre os que mudaram de legenda ao longo da legislatura, os que mencionaram de forma mais explícita o descontentamento com o partido em âmbito nacional, e disseram que a mudança de legenda era necessária para continuarem brigando por suas bandeiras e ideologia, foram os representantes do PT, Adilson Mariano, agora PSOL, e Lioilson Mário Corrêa. Este último, também enfatizou o fato de ser evangélico e se sentir confortável com a mudança para um partido cristão, como o PSC.
Agremiação
Para o cientista político e ex-vereador, Beline Meurer, na prática não há uma relação direta entre um candidato e seu partido, que acaba se tornando uma agremiação como qualquer outra, analisa o professor.
Continua depois da publicidade
– No Brasil, cada vez mais as pessoas têm se afastado da força partidária, os partidos também não se sentem comprometidos e os políticos trocam quando bem entendem -conclui Meurer.