Os arredores do Morro do Boa Vista foram atravessados por milhares de pedaladas dos 165 atletas que competiam pelo pódio do 48º Circuito do Boa Vista, em Joinville. Eles percorreram 66 quilômetros na manhã deste domingo, em seis voltas. Na avenida Beira Rio, os competidores chegaram a alcançar 70km/h. Os ciclistas estavam divididos em três categorias: Elite, Sub 30 e Master. O maior prêmio foi de R$ 1.300,00 para os atletas de elite, conquistado por Antônio Nascimento, da equipe de Osasco.

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Aos 37 anos, diluído em suor e protetor solar, Nascimento não esconde nem o cansaço nem a dificuldade da prova que durou 1h33.

– Os adversários têm o hábito de fazer a gente cansar – desabafou o campeão.

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Ele é ciclista há 20 anos. Vive de pedalar. Foi campeão do Tour SC Ciclismo, em 2003. Chegou a ficar em segundo lugar na mesma competição por três vezes. Na equipe ele é o escalador, mas considera que “se vira bem na reta final”, fazendo o papel de sprinter, que geralmente é o ciclista mais veloz e que cruza a linha de chegada. Antônio teve altos e baixos na carreira. Por isso considera o gosto desta vitória mais saboroso.

– Eu já tô com 37 anos. Ao longo da carreira vivi altos e baixos. Por algum momento você desacredita de você – contou Nascimento, ao concluir que – Com uma boa compreensão da sua qualidade e da sua equipe, vencer é possível novamente.

Com sete anos a menos de idade que o campeão, Márcio Bigai foi sozinho enfrentar outros atletas da elite. A equipe dele estava do lado de fora da pista. A esposa Sara Bigai, de 26 anos, liderava todos eles, explicava os trâmites da corrida e estava com o celular a postos para os cliques. Márcio chegou a ser um dos primeiros da terceira volta, mas não ganhou o bônus da “Meta Volante”. A bonificação de R$ 100,00 é oferecida ao líder do pelotão nas voltas pares. Para a esposa que aprendeu muito sobre ciclismo em sete anos de convivência, isso acelera o ritmo da prova.

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O bônus e um prêmio ajudariam Márcio a se manter nas competições. Hoje ele se divide entre a oficina mecânica e a bicicleta. Metade do dia para cada uma. A equipe da qual ele participa como sprintista em São Paulo passa por uma reestruturação. O número limitado de patrocinadores impede que o ciclismo seja o sustento da família Bigai.

– A maioria dos atletas precisa de uma outra profissão – argumentou Sara, que justificou – Ciclismo não é um esporte valorizado no Brasil.

Mesmo não sendo como ganhar uma competição de futebol, em que “até os gols contam” para engordar os bolsos, Sara considera o circuito do Boa Vista um dos melhores para os ciclistas. Na elite, que premia até o quinto lugar, são R$ 3.000,00 de prêmios. Na Sub-30, os três primeiros dividem R$ 400,00. Já no Master Open, o primeiro ganha R$50,00 e o segundo R$ 30,00.

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Circuito a 47 km/h

Sérgio José Reis, de Tijucas, correu por Itapema e ganhou R$30,00. A prova da categoria na qual competiu, a Master, foi de 44 quilômetros. Em quatro voltas ao redor do Morro do Boa Vista, ele fez a média de 47km/h. O melhor trecho, de acordo com o ciclista foi o da Beira Rio. Em linha reta e com o vento a favor foi possível chegar a 70km/h.

Reis tem 38 anos e é mais um dos competidores que precisa trabalhar para pedalar, assim como colegas que vêm de estados das regiões Sul e Sudeste. Ele é representante comercial e não pensa em largar a carreira que iniciou a pedaladas, há mais de 15 anos.

.::Confira o trajeto percorrido pelos ciclistas: