Muitas pessoas passam todos os dias na frente do prédio histórico da Avenida Mauro Ramos, no Centro de Florianópolis, sem fazer ideia de que por trás de suas paredes centenárias existe um pedido de ajuda. Ali, no número 901, funciona desde 1910 o Asilo Irmão Joaquim, entidade que atende 40 idosos – alguns deles carentes e abandonados pelas famílias. Além do Irmão Joaquim, outros dois lares de Florianópolis, a Sociedade Espírita Obreiros Vida Eterna (Seove) e a Sociedade Espírita de Recuperação, Trabalho e Educação (Serte), vivem de doações e da solidariedade dos moradores. O maior presente que estes idosos podem receber, são 123 ao todo, é uma simples visita.

Continua depois da publicidade

— É fácil ajudar. Empurrar uma cadeira, conversar, ouvir as histórias deles — incentiva o voluntário Vitor Warken Filho, secretário da Associação Irmão Joaquim.

Se você quer praticar francês, por exemplo, pode conversar com o seu Amilton Rodrigues, 66 anos. O senhorzinho recebeu a reportagem com um contente “Bon après-midi. Bienvenue!”, que significa “Boa tarde, sejam bem-vindos”. Amilton aprendeu o idioma quando trabalhou para um “chef de cuisine” no Rio de Janeiro. Ele garante que também arranha um pouco de alemão e italiano. Hoje, o idoso caminha com ajuda de um andador e fala com um pouco de dificuldade, mas se faz entender. E não perde nenhuma tarde do tradicional bingo na entidade em que mora.

Samba e futebol dentro do lar

Continua depois da publicidade

Colega de quarto de Amilton, Luiz Carlos Souza é torcedor fanático do Avaí. O idoso, que completa 80 anos em abril, tem nas paredes pôsteres dos títulos do Leão da Ilha e até mesmo as páginas da matéria da Hora de SC que contam a subida do clube para a Série A do Brasileirão, em 2016. Apesar de cego, o avaiano não perde nenhuma partida do time do coração no rádio e já até recebeu duas visitas ilustres do ídolo Marquinhos.

— É só pedir que ele vem. Quando eu peço ele sempre vem. Quando eu peço um golzinho ele faz também!

Além de torcedor, Luiz é músico. Guarda ao lado da cama um tantã dos tempos de percursionista de escola de samba. No ano passado, trouxe a bateria da Dascuia para um grito de Carnaval dentro do asilo. Mesmo sem a destreza dos tempos de outrora, ele deu uma palhinha.

— Toquei o feijão com arroz, mas dei o meu recado!

Sem contato com a comunidade

Os dois extremos da vida de Luiz estão intimamente ligados com a Associação Irmão Joaquim. O manezinho nasceu na maternidade do Carlos Corrêa, hospital administrado pela entidade e que fica junto ao asilo. Durante décadas, a renda do hospital sustentava as atividades do então Asylo de Mendicidade Irmão Joaquim, que cuidava dos moradores de rua de Florianópolis. Com o tempo e o fácil acesso ao parto cesariano, a maternidade perdeu receita considerável. Hoje, não sobra mais verba do hospital para o asilo. Sem conforto financeiro, os voluntários da entidade tiveram que bater de porta em porta atrás de recursos.

Continua depois da publicidade

— O problema é que foram décadas vivendo de forma isolada, isso afastou o asilo da comunidade. Quase ninguém mais conhece o Irmão Joaquim hoje — admite Vitor Warken Filho.

Conforme o secretário, a principal preocupação hoje é com o pagamento da folha dos funcionários. Trinta pessoas trabalham diariamente no local. Vitor explica ainda que, devido aos problemas financeiros da entidade, há atrasos com alguns fornecedores. Nessa situação, o asilo não consegue apresentar a certidão negativa de débitos da Receita Federal e fica de fora dos editais da prefeitura ou do governo do Estado. Por isso as doações são fundamentais. Vitor destaca que, no ano passado, o asilo entrou para o ranking das 100 melhores instituições do Instituto Doar, de São Paulo, que tem como missão ampliar a cultura da doação no Brasil e no mundo.

O voluntário convida a comunidade para uma visita. Para agendar, é só entrar em contato pelo telefone (48) 3222-7544.

Continua depois da publicidade

Outros asilos de Florianópolis que precisam de ajuda

No sul da Ilha: Seove

Localizado na Avenida Pequeno Príncipe, no Campeche, a Seove atende atualmente 27 idosas. As vovós recebem alimentação, roupas, calçados, acompanhamento médico, remédios e lazer. A entidade também necessita de auxilio financeiro para manutenção do lar e demais projetos sociais. Segundo a direção da Seove, hoje as maiores necessidades do asilo são financeiras. O repasse mensal da Secretaria de Assistência Social de Florianópolis cobre somente 40% das despesas.

O asilo pede doações de alimentos, materiais de limpeza e principalmente de fraldas geriátricas. Caso haja possibilidade, a entidade também recebe roupas, móveis e eletrodomésticos que estejam em bom estado de conservação para serem vendidos nos bazares beneficentes. As pessoas podem saber mais sobre como ajudar pelo telefone: (48) 3237-2277.

No norte da Ilha: Serte

Atende 57 idosos residentes. A entidade possui convênio com a prefeitura de Florianópolis, que também se estende 12 crianças em situação de vulnerabilidade que moram no local. Os recursos são utilizados para alimentação, medicação e pagamento dos funcionários _ são 136 no total. No entanto, a verba não cobre todas as necessidades, e as doações são fundamentais para a entidade continuar funcionando.

Continua depois da publicidade

Conforme a Serte, as maiores necessidades atualmente são fraldas geriátricas tamanhos G e GG. São usadas 5,5 mil fraldas por mês. Na parte de alimentação, a entidade pede café em pó, leite e produtos diet, que são mais difíceis de serem doados. Também precisam de material de higiene pessoal, como lâminas de barbear e xampu. Quem quiser ajudar a Serte pode entrar em contato nos telefones 0800 48 0060, 3215-0225 e 3215-0226 ou ir até o asilo, que fica na Rua Leonel Pereira, 604, no bairro Cachoeira do Bom Jesus.