Após mais de quatro anos desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, o vírus continua causando mortes em Santa Catarina. Conforme dados do painel da doença, elaborado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE/SC) e atualizados nesta quinta-feira (20), 102 pessoas morreram pela condição nos primeiros seis meses do ano no Estado. O perfil dos óbitos é de homens com mais de 70 anos e com doenças cardiovasculares.
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O infectologista Tarcísio Crocomo explica que o vírus da Covid-19 passou a ser endêmico, ou seja, que está presente na vida da população de forma constante. Contudo, apesar da doença ocorrer durante todo o ano, o inverno é propício para o aumento de casos por ser uma estação que favorece a infecção de condições respiratórias, explica o especialista.
— As pessoas ficam mais “confinadas” em diversos ambientes como transporte público, por exemplo. Nesse caso, a atenção deve ser voltada para prevenir todas as doenças respiratórias além da Covid, como a gripe (influenza) os resfriados comuns e etc…. São situações que aumentam os riscos de complicações em parte da população mais suscetível como idosos, crianças, imunodeprimidos e doentes crônicas — explica.
Perfil das vítimas em SC
Desde o início da pandemia, Santa Catarina confirmou 2.086.635 casos de Covid-19 em 295 municípios. Em relação as vítimas fatais, foram registradas 23.111 mortes pela doença. Desse total, 16.282 apresentavam alguma comorbidade. Segundo a Dive, o primeiro óbito aconteceu em 22 de março de 2020 e o último no dia 6 de junho de 2024. A maioria das vítimas é homem (57,42%), entre 70 e 79 anos, com doenças cardiovasculares.
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Crocomo explica que não há um motivo concreto que explique porque os homens são a maioria, entretanto, diz que pode ser pela possibilidade de serem mais expostos ao vírus e por se protegerem menos contra a doença.
Em 2024, a maioria das mortes aconteceu em Joinville, no Norte de Santa Catarina. De acordo com a Dive, 12 pessoas morrem por conta do vírus no município. Em seguida está Blumenau e Grande Florianópolis com 11 óbitos cada.
Mortes por comorbidades em SC
- Doença Cardiovasculares – 45,51%
- Diabetes – 29,83%
- Obesidade – 14,39%
- Doença pneumática Crônica – 8,2%
- Doença Neurológica Crônica – 6,91%
Vacinação continua sendo prioridade
Mesmo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha declarado o fim da emergência de saúde global da pandemia em maio de 2023, a imunização deve continuar sendo prioridade, informa o infectologista.
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— A vacinação continua sendo indicada para grupos prioritários com crianças dos 6 meses até 5 anos e adultos acima de 60 anos. E ainda para aqueles que, infelizmente nunca se vacinaram, podem fazer a vacina atual que nos protege das variantes mais atuais — explica.
Até esta sexta-feira (21), 99,99% da população havia completado o esquema primário de vacinação em Santa Catarina. Em relação à segunda dose de reforço, apenas 11,53% da população geral aplicou a dose.
— As medidas continuam sendo aquelas que foram bastante orientadas na época mais intensa da pandemia. Como o uso de máscara, higienizar as mãos, evitar confinamentos, ter etiqueta da tosse e caso tenha sinais de infecção respiratória, deve-se usar mascara e procurar atendimento se necessário — pontua o especialista.
Confira as fotos da pandemia em SC
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Esquema de vacinação
Desde janeiro de 2024, a vacina contra a Covid-19 integra o Programa Nacional de Imunizações (PNI). A recomendação do Ministério da Saúde é que estados e municípios priorizem crianças de 6 meses a menores de 5 anos e grupos com maior risco de desenvolver formas graves da doença, como idosos, imunocomprometidos, gestantes e puérperas.
- Esquema primário
O esquema primário de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, em 2024, passa a funcionar da seguinte forma:
– Crianças de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias devem receber duas doses, ambas monovalentes (SpikeVax), com intervalo de quatro semanas entre elas;
– Pessoas com 5 anos ou mais que fazem parte de grupos prioritários devem receber uma dose monovalente (SpikeVax);
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– Imunocomprometidos com 5 anos ou mais devem receber três doses, sendo a primeira monovalente (SpikeVax). A segunda dose deve ser aplicada quatro semanas depois e a terceira oito semanas após a segunda dose.
De acordo com a Estratégia de Vacinação contra a Covid-19 em 2024, o esquema primário não é mais recomendado rotineiramente para pessoas com 5 anos ou mais que não fazem parte de grupos prioritários. Entretanto, se a pessoa não tiver sido vacinada anteriormente e optar por se vacinar agora, pode receber uma dose da vacina monovalente (SpikeVax).
No caso de crianças menores de 5 anos completamente imunizadas (três doses) anteriormente com outras vacinas contra a Covid-19, a orientação do ministério é que elas recebam mais uma dose da vacina monovalente (SpikeVax).
- Doses anuais ou reforço
Além de completar o esquema primário contra a Covid-19, é preciso atentar para as doses anuais, que passaram a funcionar da seguinte forma:
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– Grupos prioritários a partir de 5 anos devem receber uma dose anual da vacina monovalente (SpikeVax), desde que aplicada com intervalo mínimo de três meses desde a administração da última dose contra a Covid-19;
– Imunocomprometidos a partir de 5 anos, gestantes, puérperas e idosos a partir de 60 anos devem receber duas doses anuais da vacina monovalente (SpikeVax), com intervalo mínimo de seis meses entre elas;
– Pessoas com 5 anos ou mais que não pertencem a grupos prioritários e já possuem o esquema primário completo (duas doses) não têm indicação para receber a dose anual ou reforço.
- Esquema incompleto
Quem está com o esquema primário contra a Covid-19 incompleto e faz parte de grupos prioritários deve receber uma dose da vacina monovalente (SpikeVax) conforme as orientações abaixo:
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– Pessoas com apenas uma dose devem receber mais uma dose (intervalo mínimo de quatro semanas);
– Pessoas com duas doses devem receber mais uma dose (intervalo mínimo de seis meses).
Crianças de 6 meses a 4 anos, que iniciaram o esquema de três doses e completaram 5 anos antes de terminar o esquema, devem seguir as orientações abaixo:
– Quem recebeu apenas uma dose antes dos 5 anos deve receber mais uma dose e encerrar o esquema;
– Quem recebeu duas doses antes dos 5 anos deve encerrar o esquema;
– Quem recebeu três doses antes dos 5 anos deve considerar o esquema completo e não precisa receber novas doses.
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- Não vacinados
Pessoas de grupos prioritários que nunca foram vacinadas contra a covid-19 devem receber duas doses, com intervalo de quatro semanas entre elas. Gestantes, puérperas, imunocomprometidos e idosos com 60 anos ou mais nessa situação, além das duas doses, devem receber uma dose de reforço após seis meses da última dose.
Já pessoas imunocomprometidas que nunca foram vacinadas devem receber três doses, com intervalo de quatro semanas entre a primeira e a segunda dose e de oito semanas entre a segunda e a terceira dose, conforme esquema primário definido. Uma dose de reforço pode ser aplicada no grupo após seis meses da última dose.
Grupos prioritários
- Pessoas com 60 anos ou mais;
- Pessoas vivendo em instituições de longa permanência e seus trabalhadores;
- Pessoas imunocomprometidas;
- Indígenas vivendo em terra indígena;
- Ribeirinhos;
- Quilombolas;
- Gestantes e puérperas;
- Trabalhadores da saúde;
- Pessoas com deficiência permanente;
- Pessoas com comorbidades;
- Pessoas privadas de liberdade;
- Funcionários do sistema de privação de liberdade;
- Adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas;
- Pessoas em situação de rua.
*Com informações da Agência Brasil
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