Na tarde desta terça-feira, 31 de julho, Luigi Montibeler mamou pela primeira vez. Ele é um dos bebês que estavam na UTI neonatal da Maternidade Darcy Vargas, em Joinville, e, como nasceu prematuro, precisou esperar chegar aos seis dias de vida para ter a chance de ficar pertinho da mãe, Vânia, e se encher de proteção por meio do leite materno. Antes disso, recebeu alimentação por meio do banco de leite da maternidade, uma forma de garantir que nem ele nem nenhuma criança deixe de receber o único alimento de que precisam nos primeiros seis meses de vida.
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No primeiro semestre deste ano, 35.850 mães com seus bebês foram atendidos pelos bancos de leite em Santa Catarina. Destes, 10.892 foram em Joinville, que tem um dos bancos de leite mais antigos do Brasil, criado em 1980 e considerado uma das três referências na área no estado. Os outros são na Maternidade Dona Catarina Kuss, em Mafra; e na Secretaria Municipal de Saúde de Blumenau.
Os bancos de leite funcionam com dois focos. Um deles, como o nome sugere, é o de processamento do leite materno, com a coleta de doações, controle de qualidade, pasteurização e distribuição do leite pasteurizado, geralmente a bebês prematuros e abaixo do peso ideal.
— Em algumas situações, mães de bebês que estão doentes ou internados podem ter dificuldade na manutenção da produção do leite, porque, para produzir, ele tem que estar saindo. Com o bebê incapacitado de mamar com frequência, a mãe tem que estimular de forma diferente, ou seja, fazendo extração do leite com as mãos ou usando máquina para extração — explica a pediatra responsável técnica pelo Banco de Leite Humano da Maternidade Darcy Vargas, Maria Beatriz Reinert do Nascimento.
É o caso do pequeno Luigi, do início do texto. Mesmo que ontem ele tenha conseguido mamar um pouquinho, não conseguiu sugar o suficiente e precisou do complemento, oferecido em uma pequena seringa, vindo do banco de leite humano da maternidade. Não é possível saber de quem veio a doação que o menino recebeu — elas são totalmente voluntárias — mas pode ser que a doadora estivesse bem pertinho dele. A enfermeira Maria Cecília da Cunha Amaral, que virou mãe do Rafael há cinco meses, doava o excesso de leite até pouco tempo, enquanto estava na licença-maternidade.
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— Como eu fiz residência no setor, me encantei com o trabalho do banco de leite. Sempre sonhei com a amamentação e quis contribuir também — explica ela.
Entenda os benefícios do aleitamento materno
Quando o filho nasceu, Maria Cecilia foi atendida pelo Banco de Leite por causa da outra frente de trabalho do setor, que é considerada a principal: como o menino vomitava após as mamadas, ela buscou a orientação da dra. Maria Beatriz. Descobriu que tinha o fluxo muito forte, o que a levou a decidir tornar-se doadora.
— As mães nos procuram para ter ajuda para amamentação, com dificuldades no posicionamento durante a amamentação, com bebês que estão perdendo peso, ou com complicações, como fissuras e mastite, que são comuns neste período — conta pediatra.
Ela chama a atenção para a importância do aleitamento materno por causa dos inúmeros benefícios para proteção contra doenças, infecções e mortalidade. Segundo a médica, o leite carrega todos os anticorpos que a mãe desenvolveu durante a vida e que continuam se desenvolvendo enquanto a mãe está amamentando. Com isso, há menos riscos de a criança ter infecções graves, entre outros problemas.
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— O leite humano tem todos os nutrientes necessários à alimentação da criança. Por isso, recomendamos que ele seja o alimento exclusivo até os seis meses e, depois, seja mantido com uma alimentação saudável — afirma Maria Beatriz.
Em 1º de agosto, com o início da Semana Mundial de Aleitamento Materno, que tem como tema “Aleitamento materno: a base da vida”, uma série de programações ocorrem pelo estado. Entre elas está um mamaço, que ocorre em Joinville na próxima segunda-feira, no Centreventos Cau Hansen, das 15h50 as 16h20.
A realização é da Estratégia Amamenta Alimenta da Secretaria da Saúde. Haverá distribuição de lanche e atividades recreativas com camas elásticas e carrinho de pipoca. No mesmo local serão expostos os cartazes produzidos pelas Unidades Básicas de Saúde que estão participando de concurso tendo a amamentação como temática.