Se quando foi confirmada como sede da Copa, Curitiba queria ser exemplo de infraestrutura e desenvolvimento urbano agora, restando menos de dois meses para o início do evento, ainda há vários pontos de alerta para a meta ser cumprida. A maior parte das obras de mobilidade urbana ainda não foi entregue, com a prefeitura ampliando o prazo de conclusão para maio de 2014 – na mesma época em que as obras na Arena da Baixada estarão concluídas.
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Tanto no estádio quanto em obras de planejamento urbano, há diferença entre o que foi projetado há cinco anos, quando a cidade foi confirmada como sede do mundial, e o executado, trazendo reflexos principalmente para o legado da Copa, já que a maior parte dos trabalhos não executados são justamente os de mobilidade, sem prejuízos diretos para o evento em si.
Na Arena, palco de quatro jogos na Copa, duas inovações foram colocadas de lado. A principal delas é o teto retrátil, grande diferencial no projeto por ter uma estrutura de “abre e fecha” na cobertura do gramado, inédita no Brasil. Por recomendação da Fifa devido ao alto custo, o Atlético Paranaense, proprietário do estádio e responsável pela execução das obras, preferiu adiar a implantação. Outra proposta colocada de lado foi a implantação de um painel com 1.600 m2 na fachada do estádio, com informações sobre jogos e outros eventos.
– O telão e a cobertura retrátil não fazem parte do orçamento da obra, os recursos não entraram no orçamento desses dois itens e entrarão para o depois da Copa, quando tivermos condições – afirmou o presidente do clube, Mario Celso Petraglia, completando que no início do próximo mês todas as obras na Arena serão finalizadas, com o estádio podendo receber mais um ou dois eventos-testes antes da entrega à Fifa. No total, as obras no estádio paranaense custaram R$ 330 milhões.
Projeto da Arena da Baixada, com telão da fachada e teto retrátil, que não serão instalados até a Copa.
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Foto: Divulgação / CAP S/A
Na área de mobilidade urbana, foram investidos R$ 623 milhões em 11 projetos, todos com entrega adiada para o próximo mês. Desses, ficaram para trás o Corredor Metropolitano, que integra os municípios da região metropolitana e as vias radiais, totalizando 79 quilômetros, a reestruturação completa no aeroporto Afonso Pena – apenas parte da obra será finalizada até a Copa, com a reforma completa sendo entregue apenas em março de 2016.
Outro ponto de preocupação é o corredor entre o aeroporto e a rodoviária, com vários trechos ainda inacabados. No entanto, o secretário municipal de Obras Públicas, Sérgio Antoniasse, garantiu que todas estarão prontas até o início do Mundial.
– Tivemos um grande trabalho para fazer os ajustes necessários, mas conseguimos colocar em andamento todas as obras. As mais complexas estão adiantadas e por isso acreditamos que poderemos entregá-las antes do início da Copa – disse, demonstrando otimismo com a imagem que Curitiba mostrará para visitantes e moradores durante a Copa.
Outros projetos, desenhados juntamente com a candidatura da cidade para o Mundial, como o metrô, novo anel ferroviário entre os contornos norte e sul, reformas em vias importantes como a Visconde de Guarapuava e a Cândido de Abreu sequer saíram do papel.
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Quanto às estruturas temporárias, a maior perda foi a não indicação da cidade para ser a sede do centro de imprensa da Copa – sediada no Rio de Janeiro, e a redução de três para um fan fest, inicialmente projetados para o Jardim Botânico, Parque Barigui e Pedreira Paulo Leminski, com instalação efetiva apenas no último.
A cidade ainda corre contra o tempo para finalizar toda a estrutura para Broadcast Compound (estrutura para transmissão de tevê). Há duas semanas a prefeitura iniciou a instalação da estrutura metálica que sustentará os cabos de transmissão de TV dos jogos, a 180 metros da entrada do estádio, com prazo de finalização em 40 dias. À parte, está em fase de finalização a obra no prédio metálico de acesso às áreas vips e área de imprensa, última etapa a ser finalizada de acordo com o cronograma, com previsão de entrega no fim do mês.
Obras da estrutura para Broadcast Compound, em Curitiba.
Foto: Divulgação / CAP S/A
Outro ponto de preocupação é com o número de táxis na cidade. Esta semana, a prefeitura entregou as primeiras autorizações para ampliação no serviço – o projeto é incluir 750 novos carros, ampliando a frota para 3.002 veículos. No entanto, até o Mundial, apenas 640 novos carros deverão estar circulando – mesmo com o aumento, o número estará abaixo do parâmetro mundial, que estabelece como patamar ideal um táxi para cada 300 habitantes e na capital paranaense haverá, em média, um para cada 583 habitantes fora os visitantes que estarão na cidade durante o evento.
Mobilidade urbana preocupa
Obras em andamento com previsão de entrega até maio:
· Corredor aeroporto-rodoferroviária: pavimentação, calçadas, ciclovias e iluminação.
· Linha Verde Sul: inclusão de dez pistas de rolamento, incluindo novas canaletas para ônibus, iluminação, calçadas e pavimento num trecho que liga dois extremos da cidade, passando pelo centro e o bairro Água Verde, onde está a Arena da Baixada.
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· Rodoferroviária: reforma e modernização com nova área de embarque e praça de alimentação, ambiente climatizado, elevadores, escadas rolantes e adequação do sistema viário no entorno.
· Avenida Marechal Floriano: via de acesso até o centro e que também interliga o aeroporto à área central.
· Sistema Integrado de Monitoramento: instalação de 89 câmeras e 44 painéis eletrônicos de informação nas ruas. Estão previstas também outras 622 câmeras para monitoramento dos terminais e estações tubo. Já funcionam 14 painéis e 300 câmeras.
Av. das Torres, que interliga o aeroporto de Curitiba à cidade, que é um dos pontos mais críticos, pois tem vários trechos ainda em obras.
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Foto: Divulgação / CAP S/A
Obras que não serão entregues até a Copa:
· Corredor Metropolitano: integra os municípios da região metropolitana e as vias radiais, totalizando 79 quilômetros, sendo transferida do PAC da Copa para o PAC da Mobilidade
· Aeroporto Afonso Pena: são três obras, sendo que a reforma da pista para táxi das aeronaves está concluída. A ampliação do terminal de passageiros e a ampliação do pátio das aeronaves devem ser entregues parcialmente até maio deste ano – para atender a demanda da Copa. As demais reformas só serão concluídas em março de 2016. Uma segunda etapa está prevista, com finalização em março de 2016.
Obras que sequer saíram do papel:
· Metrô: apontado em 2007 como carro chefe no legado da Copa e orçado em R$ 4 bilhões, entre estudos, projetos de engenharia e a linha de 22 km, teve a fase inicial reduzida e com custo estimado em R$ 5,4 bilhões. O projeto foi excluído da Copa, com a obra começando no segundo semestre de 2014 com conclusão prevista para 2019.
· Anel Ferroviário: construção de uma ferrovia paralela aos contornos Norte e Sul, que foi excluído da Copa.
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· Obras na Avenida Visconde de Guarapuava: inclusão de pista de rolamento e ciclovia, com investimento de R$ 6 milhões, mas excluída do projeto Copa.
· Obras na Avenida Cândido de Abreu: reformas e adaptações da via, com implantação do ônibus Ligeirão interligando o Museu do Olho ao Aeroporto Afonso Pena, mas excluída da Copa.
· Fan Parks: estrutura de fan fest no Jardim Botânico, Parque Barigui e Pedreira Paulo Leminski. Desses, apenas a Pedreira foi mantida, com investimentos na casa de R$ 10 milhões.