Pesquisa divulgada nesta quinta-feira pela Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio), no Dia Nacional de Combate à Pirataria, revela o perfil e o comportamento dos consumidores catarinenses quanto aos produtos falsificados: a maioria tem consciência de que eles prejudicam a economia e são crime, mas considera legal o download de músicas, filmes e jogos de internet para uso pessoa.
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O levantamento foi feito nas cidades de Criciúma, Lages, Chapecó, Itajaí, Blumenau, Joinville e Florianópolis, escolhidas por serem polos regionais espalhados por todo o Estado. Conforme os dados, 32,9% dos entrevistados afirmaram que já consumiram alguma mercadoria pirata, mas a própria Fecomércio considera que esse número pode e deve ser maior em razão do receio natural das pessoas em admitirem a prática publicamente.
Entre os que reconheceram comprar objetos falsos, o preço mais em conta foi a principal justificativa, seguida, de longe, pela facilidade de acesso aos itens. Os CDs e DVDs lideram o ranking de produtos piratas consumidos. Na sequência vêm os eletrônicos, roupas, brinquedos e calçados. Já entre os que garantem não ter consumido pirataria, os principais motivos são a baixa qualidade e a falta de garantia.
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— Há uma falta de percepção do valor agregado do produto, com marca, com direito autoral. E há a questão do status, em que mesmo sendo evidente a procedência falsa da mercadoria, a pessoa compra porque não teria condição financeira de adquirir algo daquela marca oficial — analisa o presidente da Comissão de Direito da Inovação, Propriedade Intelectual e Combate à Pirataria da OAB-SC, Vitor Hugo Cenci.
A pesquisa também alerta sobre a efetividade das campanhas de combate à pirataria. Mais de 70% dos consumidores dizem lembrar de peças publicitárias veiculadas em TV, jornais e outros meios, mas 60% declaram que os apelos não têm o resultado esperado.
— Precisamos de ações mais práticas e efetivas que possam reverter esse quadro preocupante, porque ainda é um volume grande de pessoas que admite comprar produtos piratas — avalia o gerente de Planejamento da Fecomércio, Renato Barcellos.
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Consciência e consumo
O levantamento destaca ainda uma confusão no entendimento exato do que é a pirataria. De acordo com as respostas dos entrevistados, a maioria compreende que isso prejudica o fabricante ou o artista, alimenta sonegação de impostos, é crime e financia o crime organizado. Porém, apenas 46,9% opina que a situação gera desemprego e 71,7% considera ser legal fazer downloads da internet para uso pessoal.
— O crime na internet é o mesmo. Existe direito o autoral, mas as pessoas ainda veem muito a internet como terra sem lei, como possível de baixar porque está ali disponível. Mas é tão ilegal quanto a venda de forma obscura em qualquer calçada — argumenta Vitor Hugo Cenci.