Após a liberação de missas e cultos em Santa Catarina nesta semana, líderes de diferentes religiões adotaram cautela para o retorno das atividades. Mesmo com a permissão, parte deles optou por manter as celebrações suspensas, como foi o caso da maioria das igrejas católicas. Já os que anunciaram o retorno das atividades ressaltaram a necessidade de se adequar às regras de prevenção ao coronavírus definidas pelo governo do Estado.

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As igrejas e templos religiosos foram autorizadas a reabrir ao público na segunda (20), depois de permanecerem proibidas de funcionar por pouco mais de um mês devido à quarentena imposta para evitar a propagação da Covid-19. Para reabrir, os locais vão precisar adotar uma série de regras de prevenção, entre as quais ocupar no máximo 30% da capacidade e disponibilizar os assentos de forma alternada. Além disso, idosos e pessoas do grupo de risco não devem comparecer às celebrações.

Na Igreja Católica, nove das 10 dioceses anunciaram nesta quarta-feira (22) que vão manter as missas suspensas pelo menos até o dia 3 de maio, apesar da autorização do Governo de Santa Catarina. É o caso das dioceses de Joinville, Lages, Tubarão, Rio do Sul, Joaçaba, Chapecó, Caçador, Blumenau e Criciúma.

Conforme a assessoria de imprensa da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) em Santa Catarina, a decisão foi tomada em conjunto pelos bispos de cada uma das 10 dioceses do Estado em reunião nesta terça-feira (21). A necessidade de tempo para se adequar às regras é um dos motivos para manter as missas suspensas. A situação será reavaliada no começo de maio.

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O órgão informou que vai emitir um comunicado oficial sobre as decisões ainda na tarde desta quarta-feira (22). A assessoria da CNBB em SC também destacou que a orientação nacional da entidade segue sendo pelo distanciamento social.

Já em Florianópolis, única diocese que voltará a ter celebrações no momento, as missas serão realizadas de acordo com a possibilidade de cada paróquia. O arcebispo metropolitano da Capital, dom Wilson Tadeu Jönk, ressaltou a necessidade de obedecer às regras definidas pelo Governo de Santa Catarina. Dom Wilson comunicou ainda que todos os fiéis seguem dispensados da obrigação de participar das missas, e que todos aqueles que pertencem a grupos de risco, como idosos, hipertensos e diabéticos, devem permanecer em casa.

Fiel passa álcool gel nas mãos na Catedral de Florianópolis
Álcool gel é disponibilizado na entrada da Catedral de Florianópolis (Foto: Diorgenes Pandini, Diário Catarinense)

A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil também manteve a orientação de não realizar atividades presenciais. Os pastores sinodais de Santa Catarina, após reunião virtual nesta terça-feira, optaram por serem "conservadores e zelosos", levando em conta as realidades diferentes de cada comunidade, para avaliar com mais calma as determinações da portaria do governo do Estado.

"Quando julgarmos que há possibilidade de um retorno seguro e gradual para as atividades presenciais, orientaremos para que todos os cuidados necessários sejam tomados", informa a nota assinada pelos pastores Claudir Burmann, Guilherme Lieven, Jair Luiz Holzschuh e Joel Schlemper.

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Já igrejas como a Assembleia de Deus, Universal e Quadrangular devem voltar a ter celebrações, segundo o pastor Pedro Flori Ramos. Presidente do Conselho Estadual de Pastores, que reúne cerca de 600 pastores de todo o Estado, ele afirma que a maioria das igrejas evangélicas voltará a receber fiéis em Santa Catarina.

— Acredito que 95% das igrejas evangélicas vá retornar às atividades. Entre as maiores, como Assembleia de Deus, Universal e Quadrangular, todas elas vão voltar. Estamos trabalhando para orientar todos os pastores sobre as medidas de prevenção necessárias — disse.

Ainda conforme o pastor Pedro Flori Ramos, grande parte das igrejas também ampliará o número de cultos aos domingos, já que a capacidade de pessoas será limitada. Ele ressaltou que há um esforço no sentido de cumprir as medidas de distanciamento previstas.

Federação Espírita e Umbanda

A Federação Espírita Catarinense (FEC) emitiu uma nota em que sugere que cada região reflita coletivamente e pondere sobre os prós e contras da retomada das atividades públicas, mas destacou que o grau de gravidade da Covid-19 é imprevisível e que o auge da doença talvez ainda não tenha chegado. Algumas casas espiritualistas têm marcado momentos de energização e prece à distância.

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"Recomendamos prudência e bom senso. Decretos e normas entram em vigor e são revogados sob pressões econômicas e políticas. Nossa percepção da realidade deve transcender essa visão limitada e deve contemplar as consequências imponderáveis dessa grave crise", diz trecho do comunicado.

Já o Conselho Litúrgico do Superior Órgão Internacional de Umbanda e dos Cultos Afros, que tem cerca de 1.000 terreiros inscritos em Santa Catarina, determinou que as atividades sigam suspensas até 31 de maio.