Dentre as 10 maiores doações de campanhas políticas neste ano em Santa Catarina, oito foram realizadas pelos próprios candidatos aos cargos, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. Eles investiram R$ 3,35 milhões, na tentativa de manter os mandatos ou de se eleger pela primeira vez. A soma é superior ao dobro das 10 maiores doações feitas por pessoas físicas nas campanhas, cujo valor chega a R$ 1,23 milhão.
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Quem mais investiu na própria carreira política foi o empresário Jorge Cenci (PSB). O dono da empresa Sênior Sistemas, de Blumenau, aplicou R$ 1,36 milhão para tentar se eleger como deputado federal. Esta é a primeira vez que ele vai concorrer ao cargo. O valor é equivalente a 7,8% de todos os bens que ele declarou possuir.
Procurado, ele respondeu, por e-mail, que decidiu bancar a campanha praticamente sozinho. “Não utilizo fundo partidário e nem eleitoral. Sou transparente em tudo que faço e resolvi investir em um projeto de futuro para o Brasil. Tenho o propósito de legislar para o fim de aplicar na gestão pública os conceitos que aprendi na iniciativa privada para melhorar a eficiência e, por fim, ao desperdício e à corrupção”, afirmou.
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Cenci é seguido por outro empresário, Nilso José Berlanda (PR), de Curitibanos. Ele já declarou ter usado R$ 463 mil de recursos próprios para voltar a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Em 2014, ele tinha sido eleito como suplente e chegou a assumir o cargo de deputado estadual.
Na terceira posição, está Carlos Humberto (PR), que também é empresário. À Justiça Eleitoral, ele informou que vai investir R$ 400 mil na tentativa de se tornar deputado estadual.
Um caso que também chama a atenção é o do ex-presidente da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), Valter Gallina. O candidato, que tenta uma vaga como deputado estadual, afirmou à Justiça que vai investir R$ 300 mil do próprio bolso na campanha. O valor corresponde a 34% de todos os bens que ele disse ter, já que o patrimônio declarado chega a R$ 881,8 mil.
Gallina diz que resolveu tirar o dinheiro da própria poupança para participar das eleições.
— Como eu não tenho recursos do fundo partidário, eu tenho recursos da minha poupança. Resolvi investir para ajudar os catarinenses. Fiz muitas obras, muitas ações. Espero que o povo reconheça — diz o candidato, afirmando que, se não ganhar, vai compreender o recado de que é mais útil no Executivo do que no Legislativo.
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Maior doador do Brasil investe em candidaturas catarinenses
O fundador da Cosan, Rubens Ometto Silveira Melo, foi a pessoa que mais colocou dinheiro em campanhas políticas em Santa Catarina, sem ser candidato. Conforme a Justiça Eleitoral, ele aplicou R$ 250 mil, divididos nos comitês de João Amin (PP), Paulo Bauer (PSDB) e Valdir Colatto (MDB).
Ainda consta uma doação de R$ 100 mil ao diretório municipal do MDB de Jaraguá do Sul. O empresário também é o maior doador de campanhas políticas no país. Ele investiu R$ 6,63 milhões em diversos estados.
O segundo lugar na lista de doadores fica com a empresária Vanira Tereza Gomes Adami, sócia majoritária da Adami S.A., de Caçador. Conforme o TSE, ela doou R$ 187 mil, divididos nas campanhas de Marcos Vieira (PSDB), Gelson Merisio (PSD) e Valdir Cobalchini (MDB).
Outros dois sócios da empresa também aparecem na lista dos 10 maiores doadores. José Adami Neto enviou R$ 100 mil, divididos nas campanhas de Cobalchini e Vieira, enquanto Diva Adami Telck deu mais R$ 93 mil a Merisio.
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Já a terceira posição da lista de doadores ficou com o ex-governador Jorge Bornhausen. O político, que se aposentou das disputas eleitorais, deu R$ 130 mil para as campanhas de Murilo Flores (PSB), Ana Paula Silva (PDT), Paulo Bauer, Julio Garcia (PSD) e Marlene Fengler (PSD).
Além disso, ele ajudou os candidatos Heráclito Fortes (DEM-PI) e Samuel Moreira (PSDB-SP), que concorrem ao cargo de deputado federal pelos estados que representam.
Veja quem são os maiores doadores e para quem eles doaram:
Rubens Ometo Silveira Melo
Destinatários: João Amin (PP), Paulo Bauer (PSDB), Valdir Colatto (MDB)
Quem é: Fundador da Cosan
Vanira Tereza Gomes Adami
Destinatários: Marcos Vieira (PSDB), Gelson Merisio (PSD), Valdir Cobalchini (MDB)
Quem é: Sócia da Adami S.A.
Jorge Konder Bornhausen
Destinatários: Murilo Flores (PSB), Ana Paula Silva (PDT), Paulo Bauer (PSDB), Julio Garcia (PSD), Marlene Fengler (PSD)
Quem é: Ex-governador e ex-senador
Paulo Pinheiro de Senna Nogueira Batista
Destinatários: Leonardo Secchi (PSB), Arão Josino (PSD)
Quem é: Presidente da Dental Cremer
Jelder Antônio Bavaresco
Destinatários: Cesar Souza Júnior (PSD), Jakson Natal Castelli (DEM)
Quem é: Empresário
Jaime Leonel de Paula Júnior
Destinatários: Júlio Garcia (PSD), Ângela Amin (PP)
Quem é: CEO da Neoway
Arcílio Olivo
Destinatários: Vampiro – Luiz Fernando (MDB), Ronaldo Benedet (MDB)
Quem é: Dono da Lança Perfume
José Adami Neto
Destinatários: Valdir Cobalchini (MDB), Marcos Vieira (PSDB)
Quem é: Sócio da Adami S.A.
Luis Henrique Cals de Beauclair Guimarães
Destinatários: Carlos Chiodini (MDB)
Quem é: CEO da Raizen Combustíveis
Diva Adami Telck
Destinatários: Gelson Merisio (PSD)
Quem é: Sócia da Adami S.A.
Campanhas políticas arrecadam mais de R$ 4 bilhões em recursos públicos no Brasil
Os mais de 29 mil candidatos registrados para concorrer aos cargos das eleições deste ano em todo o Brasil declararam à Justiça Eleitoral que vão usar, pelo menos R$ 4,35 bilhões em recursos públicos nas campanhas. O valor representa 87,54% de todo o dinheiro arrecadado para a disputa. Os números são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Esse montante é a soma dos fundos partidário e eleitoral. Este último foi criado na minirreforma política, aprovada pelo Congresso em 2018. Ele prevê a criação de um fundo para arcar com os custos da corrida eleitoral, custeado com recursos públicos. Do total de recursos públicos, quase tudo vem justamente do fundo eleitoral. Conforme dados do TSE, do total de recursos públicos, R$ 3,74 bilhões têm essa origem.
A mesma reforma também restringiu o teto de gastos de campanha. A partir deste ano, o TSE determinou um máximo para os candidatos usarem no primeiro e no segundo turno. O maior valor foi destinado aos presidenciáveis, que não podem gastar mais de R$ 70 milhões no primeiro turno.
Outra mudança foi a proibição de doações por empresas, imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2015. Agora, só pessoas físicas podem destinar dinheiro às campanhas eleitorais. Neste ano, os candidatos já receberam R$ 622 milhões de pessoas físicas em todo o país. Com isso, o total previsto de gastos até a última prestação de contas dos candidatos já chega a R$ 4,94 bilhões.
Em Santa Catarina, dos R$ 103,6 milhões arrecadados pelos candidatos, R$ 82,9 milhões têm como origem recursos públicos. Já entre os R$ 20,64 milhões que foram doados aos candidatos chama a atenção outras duas novidades desta campanha, também aprovadas na minirreforma eleitoral: o financiamento coletivo e as doações pela internet.
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Conforme os dados do TSE, os candidatos catarinenses levantaram um total de R$ 180 mil, por meio do financiamento coletivo para as campanhas. Já as doações pela internet chegaram a pouco mais de R$ 2,4 mil. Esse dinheiro está distribuído tanto em campanhas menores, como as de deputados estaduais, como também em campanhas ao governo do estado.