A prisão do maior traficante da América Latina, Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, no dia 1º de julho, levou a Polícia Federal a desvendar um esquema de exportação de drogas para os Estados Unidos e países da Europa e da África que teria como principais eixos o Porto de Santos e o Complexo Portuário do Itajaí, que integra os terminais de Itajaí e Navegantes. Para a polícia, Cabeça Branca, era responsável por exportar pelo menos cinco toneladas mensais de cocaína com alto grau de pureza, e por abastecer facções criminosas em São Paulo e no Rio de Janeiro.O delegado Elvis Secco, da Polícia Federal de Londrina (PR), comandou a operação que levou à prisão do traficante na cidade de Sorriso, no Mato Grosso. Suas equipes encontraram, em meio aos documentos apreendidos, anotações com nomes de portos e de navios que fazem linha com portos na Europa e nos Estados Unidos, partindo de Santos ou do Complexo Portuário do Itajaí. Os dois portos têm registrado número recorde de apreensões _ só na Portonave, em Navegantes, foram mais de 3 toneladas de cocaína apreendidas no ano passado pela Receita Federal. As anotações, no entanto, levam o delegado a acreditar que o volume de cargas que passou pelos portos sem ser interceptado é muito maior._ Com certeza a quantidade de drogas exportada é maior que as apreensões. Pelo menos 50 vezes mais _ afirma, o que, no Complexo Portuário de Itajaí, somaria 150 toneladas da droga somente nos últimos 18 meses. Os detalhes das investigações sobre o esquema do traficante Cabeça Branca ainda são sigilosos, mas a polícia já levantou de pelo menos dois tipos de cargas utilizados por ele para o envio de drogas para o exterior: pallets de madeira e blocos de pedra. Como um carregamento com 811 quilos de cocaína apreendido em maio do ano passado na Portonave, em Navegantes, pela Receita Federal, que pode ter pertencido ao grupo. A droga estava escondida em blocos gigantescos de granito, que seriam exportados para a Espanha. O delegado Elvis Secco já entrou em contato com as polícias de países que eram destino frequente dos carregamentos como Bélgica, Espanha e Itália, e conta com a troca de informações para esclarecer o caminho da droga. Também pediu apoio à Delegacia da Polícia Federal de Itajaí nas investigações.Até a manhã desta segunda-feira o pedido ainda não havia chegado. Segundo o delegado Thiago Giavarotti, de Itajaí, a demora é comum quando há segredo de Justiça, já que os pedidos de apoio demandam autorização judicial.Os inquéritos que investigam os carregamentos de drogas interceptados desde o ano passado no Complexo Portuário _ todos na Portonave, em Navegantes _ seguem em andamento. A PF tem coletado depoimentos de toda a cadeia logística, desde os exportadores até os motoristas que fizeram o transporte da carga, para localizar os donos dos carregamentos.Do ano passado para cá houve sete apreensões de cocaína em portos catarinenses, entre Itapoá e Navegantes. Juntas, elas somam mais de 4 toneladas da droga.
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A fiscalização das cargas nos portos brasileiros é feita através de canais de verificação, um modelo similar ao que existe em outros portos no mundo. Os contêineres já chegam aos terminais lacrados e passam por uma seleção, automática ou manual, que determina se passarão por verificação física ou scanner. São três canais de verificação: verde, em que a mercadoria passa sem interceptação; laranja, quando é feita conferência de documentos; e vermelha, quando o contêiner é escaneado e pode ser aberto se houver suspeita de irregularidade. Com exceção de alguns portos brasileiros que têm 100% das cargas verificadas por ordem judicial, em média 5% dos contêineres que passam pelos portos no Brasil caem nos canais laranja ou vermelho. Segundo informado pela Receita, a média segue padrões internacionais._ O escaneamento de 100% das cargas não é considerado uma prática totalmente eficaz, porque o contêiner tem condições de ser contaminado em vários momentos _ diz o auditor fiscal Luiz Gustavo Robetti.Segundo ele, a análise de risco permite selecionar as cargas que passarão pela verificação com um índice de certeza maior. A Receita Federal tem apostado no aperfeiçoamento das técnicas de análise. _ Procuramos melhorar a seleção de cargas pra aumentar a eficácia. Temos uma diretriz clara pra que se faça um trabalho de inteligência _ afirma o auditor.
20168 de novembro900 quilos de cocaína foram encontrados em meio a uma carga de madeiras na Portonave, em Navegantes. O destino era a Bélgica.17 de outubro1096 quilos de cocaína encontrados em meio a um carregamento de abacaxis em calda, que seria enviado de Navegantes para a Espanha. 11 de outubro40 quilos de cocaína importada da China são interceptados no Porto de Paranaguá. A droga estava oculta num fundo falso do contêiner.10 de outubro300 quilos de cocaína são encontrados pela Receita Federal em Navegantes, em meio a bobinas de aço que seriam exportadas para o Porto de Livorno, na Itália. 6 de maio811 quilos de cocaína são localizados escondidos em blocos de granito, que seriam levados de Navegantes para a Espanha.