O terreno às margens de uma das rodovias mais movimentadas de Brusque chama atenção das pessoas pela quantidade de obras talhadas em pedras. Mas na rotina frenética do dia a dia, poucos se dão conta das preciosidades abrigadas no Parque das Esculturas Ilse Teske.

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Ali estão criações de artistas do mundo inteiro, como os renomados mundialmente Tomie Ohtake, do Japão, Pascale Archambault, do Canadá, e os brasileiros Amilcar de Castro e Oscar Niemeyer. É um acervo de valor nunca calculado. Porém, pela relevância dos escultores, tem dimensões milionárias.

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O terreno de 23 mil metros quadrados ajardinados por um gramado verde é um convite para conhecer as 41 obras produzidas especialmente para a cidade. Tudo foi feito durante os Simpósios Internacionais de Esculturas de Brusque, organizados pela prefeitura entre 2001 e 2007.

Ao longo de sete anos, foram cerca de 100 esculturas produzidas. A maioria está espalhada pela cidade. Uma curadoria selecionou as levadas para o parque, considerado atualmente o maior da América Latina do gênero. O espaço foi inaugurado em abril de 2014, há exatamente uma década.

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Vania Gevaerd era professora de história da arte na rede pública quando os simpósios ocorreram e fez questão de levar todas as turmas para acompanhar a produção das esculturas. No calor escaldante de novembro, época do ano em que o evento ocorria, ela e as crianças iam a pé até o kartódromo municipal.

Uma artista apaixonada, ela acompanhou o “nascimento” e os desafios impostos aos artistas. Cada participante apresentava um projeto da concepção da obra. Quando selecionado, tinha 30 dias para lapidar uma peça de mármore de 30 toneladas no auge do verão.

A tragédia de 2008 colocou um ponto final nos eventos e por muito tempo as obras ficaram à mercê da sorte. Algumas, inclusive, foram danificadas durante inundações e precisaram ser revitalizadas.

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Vania não está mais em sala de aula, entretanto a relação forte com o parque permanece. Ela faz visitas guiadas no local para explicar aos público as histórias de cada obra e é uma defensora da educação, para que os moradores de Brusque reconheçam o valor do que têm no quintal de casa.

— É um museu muito rico. A gente diz “ah, vamos para o Louvre”. Mas nós temos isso aqui. Temos nossa Mona Lisa, que no caso é o Oscar Niemeyer. Nós temos representantes do mundo inteiro. Se olhar o currículo desses artistas, tudo o que já fizeram… Isso precisa ser reconhecido — pontua.

Professora Vania Gevaerd (Foto: Patrick Rodrigues, NSC)

Cada obra um sentimento

Argentino radicado no Brasil, Alfi Viverm comandou os simpósios de Brusque. Ele convidou pessoalmente muitos dos artistas que ajudaram a construir o acervo de esculturas em mármore que a cidade tem atualmente. Amante das artes, algo imaginável pela experiência como escultor, ele cita que cada obra transmite um sentimento, conta um pedaço de uma história. Logo, precisa ser compreendida.

É nesse aspecto, inclusive, que o artista faz uma sugestão à administração do parque: é preciso avançar no nível de informação de cada obra disponível ao público, para que seja possível entendê-las.

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Ali, às margens da Rodovia Antônio Heil, há peças tratando de temas ainda latentes na sociedade, como as ditaduras e as guerras. São os casos, por exemplo, das obras do brasileiro Oscar Niemeyer, batizada de Tortura Nunca Mais, e de japonês Baku Inove, do Japão, falando sobre as bombas em Nagasaki e Hiroshima, deixando o rastro da morte.

Confira um vídeo que mostra as obras em detalhes

Serviço

  • O quê? Parque das Esculturas Ilse Teske
  • Onde? Rua Valentim Maurici, Centro 2, Brusque
  • Horário: aberto todos os dias das 9h até 21h
  • Quanto? Não é cobrado ingresso