O homem que “flutuava como uma borboleta e picava como uma abelha” faz nesta terça-feira 70 anos em meio à luta mais difícil. Tido por muitos como o maior boxeador da história, Muhammad Ali está cada vez mais debilitado pelo Mal de Parkinson, mas recusa-se a abandonar o combate travado desde 1984, três anos após subir pela última vez ao ringue.
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Tal obstinação Ali também mostrou fora do boxe, na conversão ao islamismo – o nome de batismo de Ali era Cassius Marcellus Clay -, na recusa em servir os Estados Unidos na Guerra do Vietnã, na defesa dos negros ante o racismo feroz em seu país nos anos 60 e, recentemente, na defesa de causas humanitárias.
Ali foi ainda o primeiro atleta a usar os meios de comunicação como uma arma, tão poderosa como seus golpes. Sempre com cabeça em pé e dedo em riste, colocava fogo nas lutas ao provocar os adversários, não se eximia de emitir suas opiniões sobre os rumos do país e fazia questão de se auto afirmar como o maior. Isso também ajudou a criar o mito.
Campeão mundial dos pesos pesados pela primeira vez em 1965, ainda invicto perdeu o cinturão e a licença para lutar após se negar a ir ao Vietnã. Pôde voltar em 1970 e nos anos seguintes construiu a maior rivalidade da história, com Joe Frazier.
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Ali perdeu a invencibilidade para o campeão Frazier em 1971, na “Luta do Século”. Três anos depois, no Zaire, foi campeão pela segunda vez ao bater George Foreman. Em 1975, Ali manteve o título ao vencer Frazier numa das mais sangrentas lutas da história. Era a época de ouro do boxe.
Ali manteve o título até 1978. Na última luta, contra Trevor Berbick, Ali resistiu até o fim, mas, com 39 anos, seu tempo já havia passado. Os últimos castigos foram decisivos para que Ali desenvolvesse o Mal de Parkinson, segundo os médicos. Ainda assim, 28 anos depois da descoberta da doença, o mito resiste.