Aos 49 anos, André Fillipe Macedo teve a oportunidade de viver o que define ser a maior aventura da vida. André e a esposa, que moram em Mafra, no Norte de Santa Catarina, adotaram quatro irmãos biológicos e, neste domingo (14), ele poderá vivenciar a primeira comemoração de Dia dos Pais sendo a pessoa que recebe todas as homenagens.
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O técnico judiciário no Tribunal Regional Federal da 4ª Região relata que a chegada dos quatro filhos o tornou uma pessoa realizada.
— Eu me sentia incompleto ainda. Você cresce, adquire várias competências, mas eu me sentia incompleto porque não tinha sido pai — diz André.
Ele e a esposa, Kamila Kuhnen, se candidataram para a fila de adoção em julho do ano passado. Em janeiro deste ano, houve a última entrevista com a assistente social e o casal aguardou a liberação da Justiça para que efetivamente pudessem esperar a chegada das crianças que fossem identificadas com seus perfis.
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— No dia 18 de fevereiro desse ano a assistente social mandou mensagem para a minha esposa e disse: “Queria falar com você e com o André”. Pensamos que fosse alguma questão na documentação, mas em seguida ela falou: “A cegonha chegou!”. A única coisa que consegui perguntar foi sobre a fila, porque a gente achava que nosso nome não estava no sistema. Mas, foi explicado que fomos habilitados, e duas horas depois as crianças apareceram. A assistente falou “os filhos de vocês já estão aqui”. Na minha cabeça só vinha: “Eu sou pai” — conta.
As emoções e sentimentos de André, relacionados à paternidade, aumentavam a cada etapa do processo de adoção. Segundo ele, o primeiro encontro com as crianças foi um dos momentos mais marcantes que já viveu.
— Na sequência veio o meu momento de felicidade maior. Na aproximação que tivemos com eles, junto com o pessoal do abrigo e do fórum, eles não sabiam que nós éramos pretendentes. A gente estava em uma sala no abrigo e eles chegaram. Na hora que eu vi [as crianças] o meu sorriso não cabia no rosto. Quando eu lembro, até hoje, a emoção é vívida. Esse momento não acaba, por causa do impacto de me sentir pai — destaca.
Após ter vivido fortes emoções por causa do contato direto com as crianças, o técnico judiciário relata que o momento de contar aos familiares que os filhos estavam chegando foi um bastante especial. Segundo André, tanto a família dele quanto a família da Kamila não sabiam que o casal estava prestes a adotar.
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— Fizemos uma chamada de vídeo no grupo da família e todo mundo ficou naquele suspense. Quando eles entraram na chamada, nós dissemos: “A família vai aumentar consideravelmente”. Eles ficaram intrigados, então contamos que adotamos quatro irmãos. A minha irmã se derramava em lágrimas, o meu pai demorou muito tempo para falar alguma coisa. Quando falamos com eles, nós já tínhamos encontrado com nossos filhos por dois fins de semana, então tínhamos fotos deles. A gente só falou: “São esses os seus netos”. E foi nesse momento que eu percebi o que é você deixar de ser só filho para ser pai também — conta.

“Realização”
André confessa que a chegada dos quatro filhos foi uma mudança radical na rotina do casal, mas afirma que se sente extremamente realizado.
— A palavra que acho que representa a minha experiência de paternidade é realização. No fim do dia, apesar da expressão de cansaço físico, eu não me sentia cansado, mas realizado. Tudo é uma novidade, pensava, por exemplo: “Ele chorou e veio para o meu braço… Ela queria que eu beijasse o dedo porque ela machucou o pé…”. Quando eles chegaram, eu só pensava em ser o melhor possível. Quando eles riam e gargalhavam eu pensava: “Conquistei”. Eu me achava o mais brincalhão e engraçado do mundo. Para mim foi suficiente ser pai” — conta.
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Neste domingo, a família vai à missa e André já foi escalado para a homenagem que será feita para os pais que estiverem na igreja localizada em Mafra, onde moram.
— O pessoal da igreja em contato conosco e a minha esposa disse que a gente iria participar. Vamos eu e as duas meninas mais velhas para participar da homenagem. Depois da missa nós vamos almoçar juntos e a grande comemoração vai ser estar com eles — afirma André.
Para os candidatos que ainda estão na fila de adoção, o pai do quarteto afirma que o amor é o principal combustível que envolve essas famílias que se tornarão ainda maiores.
— O amor foi o diferencial da humanidade para todas as outras criaturas da Terra. O que faz você se doar, a ponto de colocar tudo o que você tem em prol daquela pessoa, só o amor… Você quer que alguém fique bem, além do seu próprio bem-estar. É o amor que faz a diferença.
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Questionado sobre as belezas e desafios que envolvem a paternidade, André Fillipe assegura que essa é a aventura que mais preenche o seu coração.
— Eu gosto muito de falar disso, está sendo a maior aventura da minha vida. Não tem nada que eu tenha feito que tome mais a minha atenção e o meu coração do que ser pai. Nada do que eu tenha feito chega a esse ponto. A hora de maior alegria que tenho é quando eu vou acordá-los. Saber que eles estão abrindo os olhos vendo você é maravilhoso, é magico e enche de alegria.