Com uma carreira literária de 26 anos, Maicon Tenfen vive uma fase de novas conquistas. O trabalho recebe dois grandes impulsos para expandir pelo país e exterior. O lançamento “Dinamene” (2021) foi aprovado no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), na categoria voltada para os alunos do ensino médio da rede pública. A partir da homologação do processo de avaliação, que está na fase final, as escolas públicas escolhem os livros da listagem atualizada do PNLD para trabalhar com os estudantes durante o ano letivo e o Ministério da Educação faz a compra para a distribuição.

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“Dinamene” resgata a história do naufrágio do poeta Camões, que enfrentou o dilema da escolha de salvar a amada Tin Na Men ou a bolsa com o manuscrito d’Os Lusíadas. Escrever uma narrativa ficcional em meio a fatos reais, com minuciosa pesquisa histórica, também levou outro livro do escritor à lista anterior do Programa Nacional: “Quissama”, uma trilogia com dois volumes publicados em 2014 e 2018. O primeiro deles, “O império das capoeiras”, foi finalista do Prêmio Jabuti.

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Na expansão pelo exterior, a série “Boris e Rufos” chega ao mais populoso mercado mundial: o da China. Tenfen coordena a equipe de roteiristas e escreveu alguns capítulos da animação, idealizada e produzida pela blumenauense Belli Studio. A série estreou em 2018 na Disney XD e TV Cultura e já havia se tornado internacional com transmissão para outros países da América Latina, Estados Unidos e Rússia.

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Nascido em 1975 na pequena cidade de Ituporanga, no Alto Vale do Itajaí, a “Capital nacional da cebola”, Maicon Tenfen cresceu ajudando a família na agricultura e encantando-se com as histórias em quadrinhos emprestadas pelos primos e vizinhos. Frequentou colégios públicos a maioria dos anos até o ensino médio, passando um período pelo seminário São Francisco de Assis, que marcou a trajetória literária dele ao oferecer uma biblioteca com grande acervo, onde passou a ler muitos livros. Estudante esforçado, chegava a percorrer longas distâncias de bicicleta até as escolas. Em um desses percursos, sofreu uma queda, feriu-se gravemente e perdeu a visão do olho esquerdo, aos 13 anos, o que não o impediu de continuar um leitor voraz.

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No momento de decidir-se pela faculdade, seguiu o desejo de contar boas histórias, como as que lia desde menino. Inicialmente, pensou em fazer cinema, mas sem curso superior em Santa Catarina, optou por Letras. Quando concluiu a graduação, já havia lançado três livros: “Entre a brisa e a madrugada” (1996), “Um cadáver na banheira” (1997) e “O segredo da montanha” (1998). Continuou os estudos com mestrado e doutorado na área de Literatura, além de oficinas diversas, entre elas, algumas sobre roteiros.

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Escreveu 21 livros de romances, crônicas, contos e ensaio, além de editar antologias e coleção. Colaborou nos jornais de Santa Catarina, na revista Veja e outras produções impressas e audiovisuais. Lecionou Língua Portuguesa na educação básica e, desde 2003, é professor no curso de Letras da Universidade Regional de Blumenau (Furb). Os trabalhos de Tenfen são reconhecidos em premiações. “O manuscrito”, uma biografia do poeta Álvares de Azevedo, chegou à final do Prêmio Leya 2018, de Portugal.

*Texto de Gisele Kakuta Monteiro

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