Um dos principais defensores de Luiz Henrique Mandetta na Saúde, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta quinta-feira (16) o legado do ministro na pasta e a capacidade que teve de compreender a extensão da pandemia do coronavírus.

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Maia fez as declarações durante sessão para votação da ampliação do auxílio emergencial de R$ 600 pela Câmara dos Deputados, pouco depois de a demissão de Mandetta ser oficializada.

"A nossa homenagem ao ministro Mandetta, à sua dedicação, ao seu trabalho, à sua competência, à sua capacidade de compreensão do problema, de construir as soluções, diálogo com toda a sociedade e com o Parlamento brasileiro", disse.

"Tenho certeza de que (…) o ministro Mandetta deixa um legado para que, em conjunto com o governo federal, estados e municípios principalmente, tenham condição de atender sobre a base do que foi construído pelo ministro Mandetta, as condições para atender da melhor forma possível a sociedade brasileira mas principalmente os brasileiros que precisam do sistema SUS", afirmou.

O ministro foi demitido nesta quinta pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), após um longo processo de embate entre eles diante das ações de combate ao coronavírus. O presidente convidou o oncologista Nelson Teich para assumir o lugar de Mandetta. A expectativa é a de que o anúncio ocorra nesta quinta.

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Mandetta confirmou sua demissão por meio de sua conta no Twitter.

"Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar", escreveu.

"Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país", completou.

A divulgação da demissão de Mandetta foi seguida de panelaços contra Bolsonaro em bairros de São Paulo e do Rio. Na última quarta-feira (15), em uma entrevista em tom de despedida ao lado de sua equipe, Mandetta afirmou que havia descompasso com o Palácio do Planalto e indicou a sua demissão como certa.

Mandetta voltou a defender a manutenção do caminho da ciência, em uma crítica indireta às pressões que sofre do presidente, contrário ao isolamento social e defensor do uso de medicamento sem eficácia e segurança comprovadas.

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Bolsonaro vinha batendo de frente com seu auxiliar e, nos últimos dias, deu celeridade à busca por um substituto. Desde o início da crise, Bolsonaro tem ignorado orientações sanitárias, sem demonstrar preocupação com a crise do coronavírus, e ao mesmo tempo pressiona governadores e prefeitos a abrandar a política de isolamento social.

Já Mandetta é crítico da aglomeração de pessoas e defensor do isolamento horizontal, em linhas com a OMS (Organização Mundial da Saúde) para evitar o contágio do novo coronavírus.