Com elogios ao trabalho da Federação Catarinense de Basquete (FCB) e críticas ao que é realizado no restante do país, mas sem perder a esperança de ver a modalidade recolocada nos trilhos. Maria Paula Gonçalves da Silva, ou apenas Magic Paula, tem propriedade e medalha no peito para apontar caminhos para o esporte.

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— Primeiro é preciso colocar o basquete do Brasil nos trilos, porque está totalmente desgovernado. E sem dinheiro a gente não consegue fazer isso. Vamos dizer que hoje é uma empresa que está falida e precisa se estruturar pra pensar no futuro — opina a ex-atleta da seleção brasileira, campeão Mundial em 1994 e prata nas Olimpíadas de 1996, em Atlanta (EUA).

Magic Paula está em Florianópolis para acompanhar as partidas finais do Estadual, categoria sub-12. Veio a convite do presidente da FCB, entidade que considera como modelo para o restante do país. Destaca os campeonatos realizados em SC e defende que, quando se faz com seriedade e credibilidade, o apoio aparece.

— É muito difícil você ter a quantidade de times, a formação que existe no Estado, além dos campeonatos adultos, máster. Acho que é situação que merece elogio, apoio, atenção, é um trabalho que precisa ser copiado no Brasil todo — destaca Paula, que vestiu a camisa da seleção por 28 anos e formou com Hortência uma dupla reconhecida e admirada no esporte.

A ex-atleta não vê saída em âmbito nacional sem governança, gestão que pense a longo prazo, por dois, três ciclos olímpicos. Observa que a dívida da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) ultrapassa os R$ 40 milhões, e que algo precisa ser feito, ou o país ficará patinando no tempo.

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— (Os recursos) Com certeza não foram investidos na preparação de atletas. Se fossem, nós não estaríamos com os resultados que a gente teve na última década.

Magic Paula, campeã mundial de basquete, era contra a Olimpíada no Brasil

Uma das poucas vozes no país contrárias aos Jogos Olímpicos do Rio 2016, Paula se diz triste com a suspeita de corrupção no Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Porém afirma que as investigações são necessárias.

— Não fico indignada, sempre tiveram comentários de que, assim como estamos presenciado a corrupção na política, o esporte também estava indo para o mesmo caminho. Acho que é momento de dar basta, todo esse investimento público que existiu no esporte na última década tem que ser reavaliado — defende.

Depois de abandonou as quadras, Paula chegou a assumir o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, em São Paulo, em 2001, e foi secretária de Esporte de Rendimento no Ministério do Esporte por seis meses em 2003. No ano seguinte, criou o Instituto Passe de Mágica, que atende crianças entre 7 e 15 anos em vulnerabilidade social. Já são cerca de 800 meninos e meninas atendidos.

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Paula acredita no esporte como fonte de educação. Lembra que com a bola de basquete aprendeu a ter disciplina, que existem regras, hierarquia e que é preciso ter ética. As quadras lhe ensinaram que no mundo se perde e se ganha, que se tem decepções e emoções positivas.

— O Instituto trabalha com metodologia que é uma resolução da Unesco, os pilares da educação, “Aprender a ser, conhecer, conviver e fazer”. A gente acredita que na atividade em si, com a bola, com o brincar, com o basquete, você consegue estruturar a criança dessa forma — finaliza Magic Paula.

Magic Paula fez história com a camisa da seleção brasileira
Magic Paula fez história com a camisa da seleção brasileira (Foto: Humberto de Castro / Divulgação)

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