“Uma heroína irascível que rejeita o mundo como é, reivindicando seu direito de continuar sendo uma menina que não quer se responsabilizar por um universo adulterado pelos pais”. A definição do escritor e filósofo Umberto Eco para Mafalda, personagem criada há 50 anos pelo cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado, conhecido como Quino, não poderia ser mais exata.
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A garotinha é assim mesmo. Diz na cara o que pensa e, às vezes, quando a contrariam, sabe ser ferina e mordaz. Mesmo assim, é um doce de menina, que desde a sua criação, em 15 de março de 1962, segue conquistando uma legião de fãs em todos os países onde suas tirinhas e livros são publicados.
A personagem tem seis anos, detesta sopa, adora Os Beatles e possui uma visão de mundo bem peculiar. Sempre atenta aos detalhes, observa como os adultos não cumprem aquilo que ordenam às crianças. A fórmula da tirinha é simples: ela levanta uma questão, seus pais a respondem e ela termina com o seu comentário. Quando a fórmula esgotou, o autor incluiu Susanita, mantendo este esquema até o final dos quadrinhos.
Quino concebeu Mafalda como peça de uma campanha publicitária para máquinas de lavar roupa, que nunca foi lançada. Cerca de dois anos depois, decidiu tirá-la da gaveta e dar-lhe vida. Em setembro de 1964, a menina estreou na revista semanal Primera Plana.
Mafalda viveu por 10 anos nas páginas de jornais e semanários argentinos. Em 1973, Quino decidiu encerrar a personagem, por “esgotamento de ideias”, segundo ele próprio. Desde então, já se passaram quase 40 anos, mas a menininha inconformada com os rumos da humanidade continua bem viva na memória dos milhares de fãs mundo afora.
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Com Mafalda, Quino conseguiu o que sempre sonhara: criticar o contexto político e econômico da Argentina, de forma brilhante. Criou metáforas para falar sobre assuntos que, de outra forma, poderiam ser censurados pelo sistema político repressor da época. Muitas vezes a crítica social e dos costumes fazia as pessoas se reconhecerem e rirem de suas próprias mazelas.
Dez livros foram editados sobre Mafalda. Um deles é 10 Anos com Mafalda, de 2010, inclui as 48 tiras publicadas na revista Primera Plana. Estão lá seus problemas com a sopa, as futilidades de Susanita, os questionamentos do mundo e outras características que fizeram da personagem o ícone que é.
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