Mãe: uma palavra capaz de abranger diversos sentidos em apenas três letras, e que não carrega explicação possível para descrevê-la. Mesmo assim, o amor é o sentimento que predomina durante a maternidade, e é compartilhado por todas as mulheres que conversaram com a reportagem às vésperas deste Dia das Mães. 

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A pedido do NSC Total, Aliny, Juliana e Tuani escreveram cartas para os filhos sobre o que desejam e como se preparam para tornar o mundo ainda melhor para os pequenos. (veja abaixo)

Tuani Paula Vieira (Foto: Tiago Ghizoni/NSC Total)
Aliny Nienkoetter (Foto: Tiago Ghizoni/NSC Total)
Juliana Krupp (Foto: Tiago Ghizoni/NSC Total)

Aliny Nienkoetter, analista de Recursos Humanos, se emociona ao falar do filho. Lorenzo nasceu há pouco mais de um mês, e desde então a família vive um amor “imensurável”, apesar dos desafios que a maternidade carrega. É uma das experiências mais gratificantes da vida, garante, mas um trabalho árduo e cheio de desafios.

— Me sinto uma leoa, fiquei mais “agressiva” no amor e agora ninguém pode chegar perto. Estou me descobrindo como mãe, sinto o amor crescendo cada dia mais, é uma superação porque é difícil, mas é um amor sem medida, não faço mais questão de nada, só de que o amor prevaleça a cada instante — conta a analista. 

— Minha missão como mãe é conseguir conduzir ele pelos caminhos corretos para que seja capaz de discernir o certo do errado e, a partir daí, traçar o seu próprio caminho. A maternidade é cheia de coisas que ninguém fala e o medo de errar é o maior desafio, assim como o medo de não dar conta, que é um eterno superar — continua.

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Tuani Paula Vieira, que está em sua segunda gestação, tem apenas uma preocupação: preparar o mundo para a Maria Eliza. A catarinense perdeu uma filha, a Eliza, há menos de um ano depois que nasceu de forma prematura. Agora, como “mãe de anjo”, como se descreve, ela se sente com medo e ao mesmo tempo ansiosa para enfrentar a rotina com a bebê no colo. Por isso prepara cada cantinho da Maria: o quarto, os álbuns de fotos, a caderneta de vacinação, as roupinhas já lavadas. 

— Depois de uma tempestade, vem um lindo arco-íris. Essa é Maria Eliza. É um sentimento de amor, carregado de muitas preocupações e vários desafios. Estou ansiosa para sentir ela —  conta.

O amor entre uma mãe e um filho começa na gestação e passa por diversas fases. E o desejo de manter o ambiente amoroso se mantém em todas as idades. É o caso de Juliana Krupp, que busca criar uma jornada de aprendizado junto com o filho de 10 anos. 

— Busco transmitir para ele amor e ser mãe é isso, transbordar esse sentimento em meio a tantos desafios — diz.

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Pressão sobre o papel da mulher

A maternidade, conforme explica a psicóloga Catarina Gewehr, é carregada de grandes responsabilidades colocadas pela própria sociedade em cima da mulher. E é essa pressão que causa os sentimentos de culpa ou medo, por exemplo, quando a mãe passa a ser exigente e autocrítica consigo mesma. Enquanto embala o bebê, embala também todos os sentimentos dolorosos envoltos no amor. 

A construção diária desse processo possui erros e não é linear, pelo contrário, é recheado de desafios no qual a mãe vai se descobrindo dia após dia. É o que explica também a psicóloga Iramaia Ranai Gallerani, que traz a maternidade como um lugar desconhecido onde a mãe passa a olhar para si, para feridas e marcas, na procura por uma “reconfiguração” de vida que, muitas vezes, a mulher não está preparada. 

— [A maternidade] aumenta a pressão sobre o papel social de que a partir do se tornar mãe, você precisa se tornar outra pessoa. Por exemplo, muitas mulheres vivem o puerpério como um período muito complexo de sofrimento, produzido principalmente pelo desalinhamento de compreensão do que ela era e o que ela vai precisar ser. Porque ela precisa ajustar uma expectativa que ela cria sobre o que os outros querem que ela execute ou se torne — diz Catarina.

—  Ser mãe é uma construção que solicita empenho, dedicação, energia, e um vigor que mesmo sem preparo emocional, a gente é obrigado a lidar. Tem sono, mas precisa dar banho igual, tá com dor no seio, precisa amamentar mesmo assim. Você não nasce mãe, se torna mãe e é um lugar muito próprio — complementa Iramaia. 

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Muitas mulheres se surpreendem positivamente com a maternidade como se descobrissem um lugar dentro delas até então desconhecido. O processo começa ainda durante a gestação, antes do bebê dar as caras ao mundo e é aí que os questionamentos também aparecem, juntamente com toda a responsabilidade. O mais lindo da descoberta, porém, apesar de também ser um dos maiores desafios, é se auto descobrir como capaz. 

Noites em claro, choro, troca de fralda, banho, preocupações e muitas outras exigências que precisam ser conciliadas, ainda, com toda a rotina da mulher. E tudo não apenas no início da vida do filho, mas até que eles se tornem adultos, quando o colo mesmo que de forma diferente segue sendo amparo.

Amor condicional 

De acordo com a psicóloga Catarina Gewher, o significado de amor incondicional de uma mãe para seu filho foi distorcido ao longo do tempo. A decisão de ser mãe, conforme explica, deve vir de um equilíbrio entre a emoção e a razão em um lugar de disposição para assumir a “nova função”. 

— É preciso dialogar que a presença de uma criança vai alterar a rotina de uma família de forma definitiva e para sempre. E isso é um bom padrão para considerar o quanto eu estou disposta como mulher a embarcar nessa perspectiva de se tornar mãe — explica. 

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A forma como o amor incondicional é colocado para as mulheres em relação aos pequenos transforma o sentimento que deveria “ser bonito e real” em uma auto cobrança das mulheres para sentir rapidamente o amor pelo filho. 

— Ela pode amar nos limites da razão dela. Muitas mulheres sofrem nas suas maternidades porque querem sentir o amor incondicional no primeiro dia que o filho nasce, e o amor é uma construção de paciência, do tempo, de dedicação e das potencias da vida. O amor incondicional é o jeito de falar sobre o amor imenso. É o amor real que eu tenho para dar, nas minhas condições atuais, na minha vida, do jeito que eu sou e aí se torna um amor humano. E aí temos o amor perfeito, sendo humano.

Veja na íntegra o que escreveram elas para os filhos

De Aliny para Lorenzo (Foto: Tiago Ghizoni/NSC Total)

Carta para Lorenzo

“Minha missão é proporcionar através do amor, educação, respeito e conseguir conduzir pelos caminhos corretos para tornar você um ser humano bom e com capacidade de discernir o certo do errado, o bom do mal para que você possa a partir daí trilhar o próprio caminho. A maternidade é cheia de coisas que ninguém fala, mas que acontece com todo mundo. O medo de errar é o maior desafio, e com certeza a aventura mais intensa e deliciosa. Obrigada por me escolher”. 

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Com amor, de mamãe para Lorenzo.

Carta de Juliana para a filha, que deve nascer no início de julho (Foto: Tiago Ghizoni/NSC Total)

“Filha, você veio para mostrar para todas as mães de anjo que depois da tempestade vem um lindo arco-íris. A partida da sua irmã no ano passado me mostrou o quanto somos fortes e que tudo Deus permite acontecer. Hoje, gestando você, consigo entender, o quanto tudo faz sentido e estamos preparados para te ter nos braços. A vida aqui fora não é fácil, mas vou te dar amor e carinho para você entender o quão especial você é. Desejo que você seja feliz, estarei ao seu lado sempre. 

Assinado mamãe.

De Juliana para o filho Nicolas (Foto: Tiago Ghizoni/NSC Total)

“Todos os dias eu penso: Ei tempo, vai devagar! Tenho tanto ainda para te ensinar. Quantos desafios passamos até aqui e quantos ainda teremos juntos, 10 anos que eu tenho alegria de comemorar com você o dia das mães. Sou muito grata por você ter me escolhido. Sua alegria, inocência, inteligência, seu jeito criativo e questionador, me fazem querer ser uma pessoa melhor a cada dia. Busco sempre construir um mundo melhor para você, com exemplos e atitudes que lhe façam ter orgulho e lhe permitam ter sucesso em todas as áreas da sua vida.  Um mundo mais humano e justo. Mesmo que às vezes eu pareça chata, insistente, fora de moda, saiba que mães sempre buscam o melhor para seus filhos e eu estou aqui para lhe apoiar na sua jornada. Aceite o que não puder ser mudado, mude o que não estiver correto. Não tenha vergonha de ser autêntico, verdadeiro e de mostrar toda sua sutileza e gentileza”.

Te amo.

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