– Não vai trabalhar mamãe, fica em casa.

Isto era o que Vitor Lins, hoje com 15 anos, repetia para a mãe quando criança. O próprio garoto se recorda destas ocasiões, mas reconhece que a mãe nunca foi ausente, sempre teve tempo para ele.

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Vitor não foi o único. Quantas mulheres já ouviram esta mesma frase e saíram de casa com o coração partido? Tania Lins, a mãe de Vitor, tinha uma resposta na ponta da língua, mesmo sofrendo por dentro:

– A mamãe vai, mas volta.

Tania é uma executiva bem-sucedida que não abriu mão da maternidade. Começou a trabalhar aos 15 anos e não parou mais. Ao longo da carreira, fez faculdade de psicologia, pós-graduação, curso de secretariado e atuou na área comercial. A diversificação de capacitação e de experiência a ajudou a encontrar diferentes oportunidades de trabalho.

Em 2001, engravidou pela primeira vez, aos 40 anos. Com uma gestação tranquila, Tania conseguiu manter a rotina normal até 15 dias antes do parto. Nesta época, o marido trabalhava em Curitiba e só voltou a atuar em Joinville quando Vitor tinha um ano e meio de idade. Até lá, a mãe cuidou de tudo com a ajuda de uma babá.

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A amamentação não foi interrompida. Tania podia sair a cada três horas do serviço para alimentar o bebê. Aos três anos, o filho foi para a escolinha.

A vida profissional não balançou depois que ela se tornou mãe. Pelo contrário. Tania conta que passou a ter mais garra, um objetivo para lutar. Mas a diretora de Relações com Mercado na Embrasp, empresa de segurança patrimonial, confessa que de início ficou com um coração em casa e outro no serviço.

– A mãe sempre vai querer estar perto do filho. O desafio é não abandonar a carreira – afirma.

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Tania procura ter um tempo só para Vitor. Anda de bicicleta com ele, vai ao cinema, assiste a filmes em casa e está presente nas atividades dele. A família também não abre mão de fazer as refeições unida. Para outras mulheres, ela deixa a dica:

– Não abandone o trabalho ou a maternidade se ambos são importantes para você. Isto pode gerar arrependimentos no futuro. Eu comecei a trabalhar cedo e hoje me sinto realizada como mãe, como mulher e profissional – complementa.

Um tempo só para o filho

A psicóloga Jurema Aparecida Melo explica que sentir culpa por estar longe do filho é natural, mas não é preciso tê-la. Jurema explica que a criança está preparada para frequentar o maternal ou a creche e é bom se socializar. O bebê vai chorar por fome, por sede ou outra necessidade, afirma. Mas se estiver bem assistido, a separação não será um problema.

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Quando cresce um pouco, a criança passa a entender melhor o papel dos pais e, nesse momento, vai cobrar a presença da mãe. Cabe a ela cuidar para que a separação seja gradual, e não radical, para que ela mesma também se acostume. O importante, diz Jurema, é não interromper a amamentação, quando isto é possível.

– Em nossa cultura, a mulher foi para o mercado de trabalho depois. Então, algumas mães podem ter essa dificuldade de conciliar os dois papéis e achar que a criança não será bem tratada. A carência é mais da mãe do que da criança – observa.

O que as mulheres devem ter em mente, segundo a psicóloga, é que qualidade é mais importante do que quantidade, e isto significa todos os dias ter um tempo exclusivo para o filho. Nesse período, não interrompê-lo para fazer outras coisas, não dividi-lo com o celular.

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A boa notícia é que os pais desta geração estão mais participativos e assumindo responsabilidades no cuidado dos filhos, constata a psicóloga. Porém, ela observa que algumas mulheres ainda não querem delegar os cuidados por achar que o homem não dá conta. A insegurança faz pecar pelo excesso, afirma. Mas se deixar isto para trás, verá que todos vão sair ganhando.

“É um alívio saber que cumpri a tarefa do dia”

Angélica: orgulho da maternidade e da profissão

Quando era bem jovem, Angélia Maria Silva, 36 anos, pensava em ser dona de casa. Teve dois filhos – Artur, de nove anos, e Carlos Alberto, de 18. O casamento não deu certo e ela se viu obrigada a se lançar no mercado de trabalho para sustentar as crianças.

É operadora de máquina no setor de empacotamento na Ciser desde o momento em que veio de São Paulo para Joinville, há nove anos, e não esconde o orgulho.

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– Meus filhos sempre me apoiaram e gostam de me ver saindo. Eles dizem: “você está bonita, tem certeza de que está indo trabalhar?”. Mas eu acho que não se pode trabalhar de qualquer jeito, né, tem que se ajeitar – diz Angélica.

A operadora faz o turno das 14 às 23 horas. De manhã, ajuda os filhos nos estudos e os leva para escola. Angélica mora em Balneário Barra do Sul. A rotina exige disciplina para que tudo dê certo. O filho mais velho é quem busca o mais novo na escola em Barra do Sul, às 16h30, e os dois vão para casa da cunhada, que também ajuda as crianças nas tarefas e na janta. Quando chega em casa, os filhos já estão dormindo.

– Eu checo se estão ali mesmo e dou um beijo neles. É sempre um alívio saber que cumpri a tarefa do dia de ser mãe e funcionária. No fim de semana não trabalho, então levo meus filhos ao cinema, ao shopping e todo domingo vamos para igreja. Procuro ensinar a eles que devem trilhar o caminho certo para que, no futuro, tenham as coisas e sigam uma profissão.

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