A literatura transformou a vida da família de Thor Cugnier Guenther, diagnosticado com autismo aos dois anos em Balneário Camboriú. Tudo começou quando ele e a mãe Cláudia Cristine Cugnier Guenther encontraram uma forma de se expressar por meio das páginas que deram origem ao livro O Bebê Dragão, lançado em outubro do ano passado. Com o passar do tempo a história ganhou repercussão e os personagens tomaram forma: viraram pelúcias do jeito que Thor imaginou e desenhou.

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Cláudia conta que tirar do papel o menino RJ e o dragãozinho Popeye Junior foi uma surpresa para Thor. Ele recebeu os presentes durante uma viagem para os Estados Unidos e nem desconfiava da intenção da mãe. Os bichinhos entraram para a coleção do menino, apaixonado por ursos.

– É tão incomum tornar um brinquedo aquilo que se desenha, foi emocionante ver a reação dele – explica.

A história dos dois também ganhou repercussão nacional com reportagens em jornais e revistas de São Paulo. Nesta sexta-feira, mãe e filho participam do programa Encontro com Fátima Bernardes, na TV Globo, para falar sobre o assunto – sábado é celebrado o Dia Mundial da Consciência do Autismo.

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– Acho que a repercussão maior foi ter movimentado o assunto autismo, foi uma oportunidade para inspirar mais pessoas. A ideia inicial sempre foi dizer “escutem”, “olhem”, existem possibilidades nesse universo – diz a mãe.

Segundo ela, Thor encarou tudo de maneira muito leve e natural. Cláudia explica que ele entende a repercussão do livro, mas que não faz diferença por quem o assunto está sendo tratado. Agora os dois já trabalham em um novo projeto, porém desta vez ela quer fazer tudo com mais calma para curtir o momento com o filho.

– Será uma história bem maior, o Thor queria fazer um livro com mais páginas. Se deixasse ele escreveria uma por dia.

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Educação e diagnóstico precoce

Para a coordenadora da Associação de Pais e Amigos do Autista (Ama Litoral), Cátia Cristiane Purnhagen, o diagnóstico precoce, como ocorreu no caso de Thor, é essencial para começar a estimular o comportamento, a comunicação e a interação social das crianças autistas. De acordo com ela, a educação também tem papel importante nesse contexto.

– Muitas escolas ainda têm resistência em receber alunos autistas, mas é isso que faz a diferença na vida deles, é onde passam várias horas do dia.

Cátia descobriu que o filho tinha autismo aos sete anos e, na época, havia poucas informações e profissionais que tratavam do assunto. Hoje, com 25 anos, ela conta que o rapaz está um pouco mais independente e que avançou em algumas questões. A educação, o trabalho multidisciplinar e a aceitação da família foram fundamentais nesse processo.

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– Na adolescência, quando ele teve crises de agressividade, decidimos criar a associação para que outras famílias não passassem pelo que nós passamos. Foi uma luta grande, ele estava em um nível severo de autismo e hoje já está próximo ao leve – relata.

A Ama atende atualmente 54 crianças e adolescentes em Balneário Camboriú. Outras 20 pessoas estão na fila de espera.