Uma criança de dois anos recebeu da mãe anticorpos contra a Covid-19 pela amamentação, em Tubarão, no Sul de Santa Catarina. A confirmação foi feita por um exame de anticorpos neutralizantes. A fisioterapeuta Maryucha Miranda de Oliveira tomou as duas doses da vacina da Astrazeneca e continuou amamentando o filho Joaquim.

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Ela recebeu a primeira aplicação da vacina em março, e a segunda, no dia 24 de maio, no grupo dos profissionais da saúde. Após saber que havia chances de passar para o filho os anticorpos contra a doença pelo aleitamento, a mãe amamentou a criança por mais 20 dias, após receber a segunda dose.

Joaquim não teve nenhum efeito colateral ou sintoma após tomar o leite da mãe, que já estava vacinada com as duas doses.

No exame indicado, o valor de referência de anticorpos é 19%. Joaquim apresentou 20% para as variantes de África do Sul, Brasil e Japão, e 14,7% para a variante do Reino Unido. Um infectologista confirmou à família que o anticorpo foi passado para o filho pelo leito materno.

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Exame para detectar anticorpos contra Covid no Joaquim
Exame para detectar anticorpos contra Covid no Joaquim (Foto: Maryucha Miranda, Arquivo Pessoal)

O secretário de Saúde de Tubarão, Daisson Trevisol, acompanha o caso e fica feliz com a confirmação de que o anticorpo contra a Covid-19 passa através do leite materno.

— É o primeiro caso confirmado da nossa região. Não é incomum, mas é interessante a gente saber dessa confirmação que os anticorpos passam da mãe para o filho — comemora.

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Maryucha conta que Joaquim tem uma doença autoimune, a Púrpura Trombocitopenica Idiopática e, por isso, costuma ter uma imunidade mais baixa. A mãe está agradecida com a conquista e lembra da importância do aleitamento materno.

— Mães e lactantes devem continuar amamentando depois da segunda dose. A mãe precisa ficar imune para a criança ganhar a imunidade contra a Covid-19 — incentiva Maryucha.

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Vacinação de lactantes em SC

No dia 18 de junho, Santa Catarina iniciou a imunização em lactantes. Para que possam ser vacinadas, é preciso apresentar prescrição ou declaração médica que ateste a sua condição. Esse grupo está sendo vacinado com doses das vacinas da Sinovac/Butantan e da Pfizer.

Em março, três meses antes da autorização, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) já havia publicado um documento em que recomendava a vacinação de mulheres que estavam amamentando.

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Além disso, um estudo publicado este mês pela Universidade de São Paulo (USP), realizado pelo Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, indicou a presença de anticorpos no leite de colaboradoras lactantes da unidade hospitalar, que haviam sido imunizadas com a Coronavac, vacina do Instituto Butantan.

Outros estudos, em países como Israel, EUA e Espanha, com o uso dos imunizantes da Pfizer, Moderna e Astrazeneca, tiveram resultados parecidos. 

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Inclusive, o aleitamento materno é a principal via de compartilhamento de anticorpos da mãe para o bebê, como explica o pediatra e professor da Univille, Tarcisio Crocomo. E, por isso, é importante, se possível, manter a prática até o bebê completar ao menos 2 anos.

— Muitos anticorpos são transmitidos através do leite materno, isso já é uma coisa consagrada, e que a gente recomenda e reforça a sua importância. Ainda mais agora que os estudos estão mostrando que as mães que foram vacinadas estão transferindo anticorpos que podem proteger o bebê — salienta o especialista. 

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