As buscas pelo menino Ítalo Gonçalves, de 5 anos, continuam nesta sexta-feira (3) em Rio Negrinho e, seis dias depois, o cenário pouco mudou e o mistério relacionado ao sumiço continua. 

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Um par de chinelos encontrado às margens de um rio era, até então, a única pista que se tinha do garoto, mas também virou objeto incerteza, já que a mãe não se recorda se o item foi deixado por ela ou se estava sendo utilizado pelo filho. 

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​Desde o último domingo (29), data do desaparecimento, o frio e a chuva não têm dado trégua no Planalto Norte, onde as temperaturas chegam na casa dos 0°C durante a madrugada. 

A cada dia que passa, o coração de Luciene Costa Araújo, 25, fica mais apertado e a procura incessante por respostas afeta a rotina de toda uma comunidade unida por um único desejo: abraçar Ítalo novamente. 

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— Está sendo muito exaustivo, muito cansativo. Acredito que não só pra mim, mas pra todos [que têm ajudado]. Não estamos nos alimentando bem, não estamos conseguindo dormir. É uma agonia, porque não se tem informação nenhuma, não tem uma coisa concreta. Só estamos em pé por Deus, que está dando força pra nós, porque ninguém está aguentando mais ficar de pé — desabafa Luciene. 

A mãe faz e refaz na cabeça o roteiro do dia em que a criança sumiu. Ela lembra-se de ele ter acordado cedo e, como fazia diariamente, foi conversar com os vizinhos de porta, deu um pedaço de pão para um deles e brincou nas proximidades de casa. 

Câmeras de segurança de uma moradora local registraram Ítalo correndo na rua e, até onde as imagens podem alcançar, ele está na companhia de um cachorro preto. Depois dali, a mãe diz que o garoto voltou pra dentro de casa e deitou-se na cama com ela, que deu o celular pra ele assistir desenho e acabou pegando no sono.

— Quando me dei conta, chamei por ele. E sempre que eu chamo “Ítalo”, ele já aparece e vem correndo, mas desta vez não foi assim. Eu chamei, chamei por ele, e nada. Não tem como explicar o que estou sentindo. São sentimentos muito ruins — relata Luciene. 

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Assim que o menino não respondeu ao chamado, a mãe correu pela casa toda, procurou o filho com os vizinhos e, em uma medida desesperada, até pulou dentro do rio que fica a 100 metros de casa para encontrá-lo. 

— Moramos há tempo aqui, e ele nunca foi pra perto do rio, mas pensei na possibilidade que ele tivesse caído lá dentro. Na minha cabeça, meu filho não está na água. Estou tomando calmante pra ter forças, porque eu sei que ele vai aparecer, então eu preciso estar bem. 

Força-tarefa, fé e união 

Desde o final da manhã do último domingo, policiais militares e civis, bombeiros, vizinhos e até a imprensa local refazem a trilha em que o garoto foi visto pela última vez por meio de câmeras de segurança. 

Tatiane Marega, presidente da Apae do município, também é voluntária nas buscas e diz que, conforme o último laudo da criança, ele tem deficiência intelectual moderada com anomalia cromossômica, anomalia genética que, entre outros sintomas, desenvolve características autistas. 

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Para ela, o que tem vivido nos últimos dias se assemelha a cenas de filme. 

Maicon Vieira, amigo da família, diz que a comunidade tem enfrentado o frio, a chuva e a madrugada mata a dentro à procura por Ítalo. A população, que se reforça na fé, mantém a esperança de encontrar o menino saudável. 

— Nosso coração diz que o Ítalo vai sair dessa, que vamos encontrar ele e tudo vai voltar ao normal, graças a toda comunidade. Eu larguei tudo na minha casa, meus projetos… Só queremos pegar ele no colo de volta e brincar. A união faz a força e, neste momento, sabemos que podemos contar com muita gente — confia Vieira. 

Sem indícios de crime

De acordo com o delegado Rubens Passos de Freitas, que investiga o caso, a Polícia Civil aguarda que as buscas dos bombeiros sejam encerradas oficialmente para continuar interrogando possíveis testemunhas. 

Freitas explica que algumas pessoas já foram ouvidas e que a polícia já recebeu denúncias de locais que Ítalo pudesse ter sido visto, mas nenhuma informação teve fundamento. Até o momento, segundo o delegado, não há indício de sequestro. 

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— Pelas imagens [da câmera de segurança], tudo leva a crer que ele retornou para a rua onde passa o rio, que é sem saída, e depois desapareceu. Então não tem indício de crime, nada que leve a crer por este lado — sinaliza. 

Rua que família do menino mora é sem saída e cercada de vegetação
Rua que família do menino mora é sem saída e cercada de vegetação (Foto: Corpo de Bombeiros Militar/Divulgação )

As buscas aquáticas pelo garoto seguem nesta sexta-feira, além de uma operação que deve refazer toda a área de vegetação no entorno da casa da família. Na última quinta-feira (2), quatro mergulhadores e duas embarcações foram empenhadas na força-tarefa. 

Os socorristas e voluntários, com auxílio de cães farejadores, já refizeram toda a área demarcada em laranja. 

Menino foi visto pela última vez brincando próximo de um rio
Menino foi visto pela última vez brincando próximo de um rio (Foto: Corpo de Bombeiros Militar/Divulgação )

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