Elvira Polippo, de 55 anos, e seu filho, João Emiliano Salamoni, de 35, são sobreviventes da enchente do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul. Eles relatam que foram levados por 60 quilômetros, da própria casa — que sucumbiu à força das águas e desmoronou — em Cruzeiro do Sul, até a cidade vizinha de Taquari. As informações são do g1.
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— A casa caiu toda. Em cinco segundos, a gente ‘tava’ no meio do rio — relata João.
Mãe e filho relatam terem ficado por cinco dias em uma área em meio ao rio, coberta por madeira e entulhos, se equilibrando. Ambos chegaram a se revezar se apoiando em uma tampa de geladeira que flutuava no local.
— A gente gritava por socorro — diz a mulher.
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A prefeitura informou que três voluntários de barco resgataram mãe e filho na localidade de Beira do Rio, em Taquari. Segundo a prefeitura, o jovem estava em cima da tampa da geladeira quando os dois foram encontrados. A distância entre o local onde caíram no rio e o ponto onde foram parar foi calculada pela equipe de resgate e pela Defesa Civil.
O marido de Elvira, e pai de João, no entanto, segue desaparecido. O homem não havia sido encontrado até a atualização mais recente desta reportagem.
— Ficamos com uma dor grande, que eu não consegui achar o meu pai ainda, né? A gente não sabe se tá vivo ou não. Esse é o vazio que ficou em nós. Mas Deus foi grande com a gente — disse João Emiliano.
Elvira e João foram levados ao Hospital São José, em Taquari, onde receberam tratamento médico e psicológico, e receberem alta. Foram abrigados na casa de familiares, mas posteriormente Elvira precisou voltar a ser internada, com diagnóstico de leptospirose.
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Casa levada pelas águas
A família morava em uma casa de dois pisos. João, recém se recuperando de uma cirurgia, estava no andar de cima quando percebeu que a água do rio começava a invadir a residência. O casal e o filho, junto com um cachorro de estimação, conseguiram abrir um buraco no forro, e subiram no telhado, para tentar se salvar.
Do forro, João percebeu que um galpão vizinho havia desmoronado, e as madeiras bateram na casa.
— A casa deu uma tremida. Depois disso, levou em torno de três segundos para começar a desmoronar — contou.
Elvira e João se agarraram em destroços da casa e galhos. A mãe conseguiu vestir um colete salva-vidas. Logo, eles perderam o pai de vista.
— Aquela casa descendo o rio era uma bala. Porque, quando a casa desceu, eu me agarrei nas telhas e me agarrei nele — diz Elvira.
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A mulher disse que a casa afundou na água.
— A casa deu meio que uma mergulhada. Umas três a quatro vezes, a gente tomou água, porque ela bicava e afundava — conta a mãe.
Quando viram uma área coberta por entulhos e galhos, João decidiu tentar se estabilizar lá.
— Pensei “é a nossa última chance de sair vivo” — relata.
Por cinco dias, mãe e filho afirmam que se alimentaram de laranjas e nozes encontradas próximo dos destroços onde conseguiram parar.
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