A Festa Nacional do Pinhão, um dos eventos mais populares de Lages, na Serra de Santa Catarina, é conhecida pelas atrações culturais e pela gastronomia local. Entretanto, um dos momentos mais aguardados pelo público é a revelação do traje oficial da realeza, produzido há 15 anos pela estilista Berenice Lopes Omizzolo com a filha, também estilista, Ana Lopes.
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Segundo Ana, o amor pela costura começou com a bisavó. De origem humilde, ela costurava bombacha à mão para o sustento da família.
— Depois dela veio o meu avô, que teve diversas profissões, mas aquele mais amava ser era de alfaiate. Eu lembro como se fosse hoje: eu era pequena, tinha 11 anos, e cresci nesse universo — conta Ana.
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Foi brincando na máquina de costura do avô que, sem saber, Ana encontrou a paixão pelo mundo fashion. Ela se formou na faculdade de moda e em seguida começou a trabalhar com a mãe, Berenice, no atêlie La Única, em Lages.
Professora por 25 anos, Berenice se encontrou no mundo da moda quando se aposentou. Porém, por 12 anos, foi a responsável pela criação dos trajes da que dão vida a Festa Nacional do Pinhão.
— Ela negava muito esse lado, essa paixão pela moda. Consequentemente, a vida a trouxe para esse destino tão bonito que a gente tem tanto orgulho. Depois eu fui fazer faculdade de moda e eu também reneguei esse lado, não queria trabalhar com a dona Bere [Berenice]. Hoje eu falo que a melhor faculdade que eu tive na minha vida é estar com ela todos os dias — diz a estilista.
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Em 2020, Berenice passou o bastão da criação dos trajes da Festa do Pinhão para Ana. Entretanto, continua nos trabalhos com as roupas, mas agora, na parte da produção.
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— Eu faço os desenhos, crio, converso com a cliente, mas ela, junto com a equipe, transforma o sonho do desenho em realidade — pontua.
Transformação além da costura
Quando assumiu a parte criativa do Ateliê, Ana viu que além de uma nova função, também precisava encontrar um jeito de deixar a sua marca registrada. Isso porque, por 12 anos, a estilista acompanhou o processo de criação da mãe nos trajes da festa que contavam a história da cidade.
— Já teve vestido sobre a catedral, sobre o início da festa. Teve um vestido que ela fez que era só com sementes da região. Essa parte criativa dela foi justamente voltada a valorizar o que a cidade tem de história. Observei que eu precisava de alguma forma impactar a sociedade com assuntos de abordagem social. Isso vem muito do meu avô, de você olhar pelo próximo. Aprendi muito com ele, de você ajudar na medida do possível, de você trazer visibilidade — explica.
Com o desejo de continuar o legado do avô, a primeira criação de Ana foi com vestidos de desenhos de crianças. A ideia, segundo a estilista, surgiu ainda em 2021, em uma viagem para Florianópolis.
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No ano seguinte, Ana reuniu as crianças da Escola de Educação Básica (Emeb) Mutirão, localizada no bairro Habitação, e fez um dia de “Festa do Pinhão” para que os alunos ficassem inspirados.
— Cada uma desenhou o que a festa representava para ela. Foram selecionados 34 desenhos e essas 34 crianças vieram até o ateliê para ver o desenho transformado em bordado. E daí como um artista, que tem que dar a última pincelada na sua obra de arte, eles vieram para realmente dar o último toque — explica.
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Para a Festa do Pinhão deste ano, que acontece entre os dias 24 de maio e 2 de junho, Ana ainda não pode revelar qual o tema do traje da realeza. Entretanto, para o NSC Total, ela conta que o público pode esperar vestidos inspirados nos 30 anos da Sapecada da Canção Nativa, um dos maiores festivais de música nativista da América Latina, que acontece dentro do evento.
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— É um tema que a gente não poderia deixar de falar porque a Sapecada é um momento que os músicos se inspiram na nossa biodiversidade, no nosso povo, nos nossos trajes, nos nossos costumes e trazem isso em forma de poesia, que é a música. E a gente traz também a poesia de alguma forma nos vestidos — pontua.
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De acordo com Ana, a produção deste ano deve superar a do ano passado, quando ela usou elementos recicláveis nas peças, e atingir a expectativa do público.
— Quero salientar esse amor da nossa família e esse respeito que cada um tem pelo outro pra que os vestidos realmente se tornem lindos como são. Eu acredito que vem da minha bisa, vem do meu avô, vem da minha mãe, junto com meu pai, com a minha irmã. Então é uma história e um legado muito bonito, que eu amo falar sobre isso, porque de fato é uma coisa que preenche meu coração e aquece — finaliza.
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