Um ato de desespero, foi assim que a mãe de 31 anos definiu o fato de ter deixado seu filho de 10 meses no gabinete do prefeito, Lauro Fröhlich, de Guaramirim na terça-feira.

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Ao falar sobre o caso, acompanhada do marido, de 29 anos, a costureira explica os motivos pelos quais resolveu tomar essa atitude extrema de deixar o filho na Prefeitura para depois ir trabalhar.

AN – O que motivou você deixar seu filho no gabinete do prefeito?

Mãe: Desespero. Eu procurei a Secretaria de Educação e o Conselho Tutelar por três semanas, já que tinha de voltar ao trabalho e não tinha vaga na creche perto da minha casa. Nesse tempo todo ninguém me ajudou. A última saída era falar com o prefeito, Lauro Fröhlich, que atende a população toda segunda-feira. Mas, ele não me atendeu. Fui até debochada por um homem da chefia de gabinete. Quando disse que estava ali para resolver o problema de falta de creche para o meu filho ele riu da minha cara. Em resposta eu disse que iria então trazer a criança para ele cuidar. Ele respondeu que seu eu trouxesse ajudava cuidar.

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AN – O que você fez então?

Mãe: Fui para casa com muito indignada e no outro dia (terça-feira) acordei decidida a fazer o que me foi provocado. Peguei meu fillho, arrumou a bolsa dele e o chiqueirinho e fui para Prefeitura. Ao chegar lá, me indentifiquei e disse que iria deixar a criança ali para poder trabalhar. Eu preciso do emprego para ajudar o meu marido sustentar a família e não tenho com quem deixar meu filho.

AN – Como a senhora ficou depois desse ato?

Mãe: Saí de lá chorando, afinal que mãe gostaria de deixar um filho dessa maneira. Mas como falei já não sabia o que fazer e achei que essa seria uma maneira de ser ouvida e conseguir a vaga para o meu filho.

AN – A Secretaria de Educação diz que foi oferecida uma vaga para senhora em outra creche, porque não aceitou?

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Mãe: Fica inviável deixar meus três filhos em locais diferentes. O menino mais sete anos estuda numa escola perto da minha casa e o outro de dois está na creche da qual estou pedindo a vaga. Eu e meu marido somos operários, temos hora para entrar e sair do emprego. Não posso chegar atrasada, já estou faltando quase três semanas por não ter com que deixar o bebê. E se tiver que correr em várias escolas para levar os três, não consigo chegar no horário, já que ando a pé.

AN – Você acredita que pode perder o emprego caso não consiga vaga na creche?

Mãe: Como sou costureira e tem muita gente procurando emprego na área, posso sim. Pois, a empresa já está me dando uma chance de achar uma creche. Tenho até segunda-feira para resolver isso ou perco o emprego.

AN -Você acredita que o seu ato se configure como abandono?

Mãe: Não, pois não deixei ele sozinho ou sendo cuidado por outra criança. Ele ficou próximo de adultos dentro do chiqueirinho com mamadeira e fraldas. Liguei para meu marido ir busca-lo em seguida. Passaram cerca de 15 minutos, o Conselho Tutelar já foi acionado e meu marido chegou na Prefeitura para pegar nosso filho e ele não estava mais lá.

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AN – É verdade que a senhora tinha uma babá?

Mãe: Sim, mas ela deixou de cuidar do meu filho menor por problemas de saúde na família. Mesmo assim não tenho condições de manter uma babá. Preciso trabalhar para ajudar a pagar as contas de casa, estamos até no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

AN – Você fez algum cadastro para solicitar a vaga na creche perto de sua casa?

Mãe: Realizei a inscrição em dezembro de 2012, quando ainda estava grávida. Fui informada que isso bastava. Agora, em fevereiro realizei novamente a inscrição. A secretária de educação, Claudia Chiodini, informou que não há vagas e que cerca de 30 pessoas estão na minha frente na fila de espera.

AN – Caso você não consiga a vaga na creche até segunda-feira, o que irá fazer?

Mãe: Vamos procurar a promotoria, pois é um direito nosso. Pagamos impostos e temos direito de matricularmos nossos filhos na creche mais perto de casa.

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