A mãe de uma aluna de Medicina reclama do trote que a filha sofreu, no início deste ano, dentro e fora da Univali. Segundo a mulher, que pediu para não ter a identidade divulgada, as ameaças começaram nas redes sociais, antes mesmo do início das aulas, e continuaram até abril.

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As fotos enviadas pela mãe – e que também estão postadas nas redes sociais de alguns calouros – mostram que o trote teria começado dentro da universidade e continuado do lado de fora. O regimento interno da Univali proíbe trotes dentro do campus.

Calouros do curso de Medicina entraram em contato com a redação de O Sol e relataram que não foi um “trote”, mas uma brincadeira para que todos pudessem se conhecer melhor. Também disseram que a participação era espontânea e que não houve constrangimentos.

Leia a carta enviada pela mãe, que pede para não ser identificada.

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“Sinto-me totalmente desamparada. Sou mãe de aluna que prestou vestibular de medicina, o qual tentou por quatro vezes, sendo aprovada no último, porém, ao realizar a matrícula na Universidade do Vale do Itajaí, esta nos garantiu que não haveria trote (minha filha já se sentia insegura) dentro de suas dependências, que isso era proibido conforme Regimento Interno.

Já na aprovação as ameaças de trote via redes sociais iniciaram de forma agressiva e humilhante, mas ela relevou, tomou inicialmente como brincadeira, mas com o tempo as brincadeira passaram a ser grosseiras, e no primeiro dia de aula, “aula de ética”, as cadeiras estavam todas no corredor, em frente à sala e os calouros ajoelhados (comprovado por fotos).

O que era para ser um início de alegria, se transformou em terror, pois a aluna teve um quadro de transtorno de ansiedade e não conseguiu seguir com as aulas. As aulas tiveram início em 28/2, até 4/4 ainda ocorriam trotes, alguns dentro da universidade (o que eles negam, mas esta amplamente comprovado por fotos). Já havia dado inicio ao pedido de FIES, paguei a primeira mensalidade (sem poder, com ajuda familiar), e tive que desistir no dia 17/3 pois caso não fizesse perderia 100% do valor, tendo sido restituído 70%, já que desisti nessa data.

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Iniciou-se então tratamento terapêutico (com mais gastos de minha parte, pois seu quadro não permitia esperar).Propus então à universidade que ela iniciasse em julho já que poderia convalidar algumas matérias, (já havia cursado dois anos de Biomedicina) e que até esta data estaria em condições de participar das aulas, e a resposta que obtive foi de que em função da desistência da vaga e recebimento de 70% do valor, ela havia perdido esse direito.

Me foi feita mais uma proposta absurda, que minha filha delatasse os veteranos (sendo que algumas matérias ela cursaria com eles) para que a universidade os processassem administrativamente, (para quem já apresentava um quadro de pânico, era totalmente inaceitável).

Sou separada e crio sozinha minhas duas filhas, onde as pessoas acreditam que acho dinheiro? Paguei dois anos de cursinho (com a ajuda de meus pais) sendo quem um semestre ela realizava ao mesmo tempo matérias de Biomedicina. Sou imensamente grata a esse governo pela criação do FIES, única forma de poder realizar esse sonho, mas é preciso que examinem melhor as universidades que credenciam, essa ao menos, não se preocupa em cumprir o regimento interno.

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O prejuízo no final é somente nosso, de minha filha, os veteranos que aplicaram o trote, se formaram, receberam seus diplomas e seus salários, enquanto riem da nossa cara. A Universidade se omite, descumpre o Regimento Interno, isso que deveria estar preocupada com a avaliação que é feita pelo MEC, mas para eles, e o que ficou bem claro é que, ainda que eu mova uma ação, essa é somente uma ação a mais, (o corpo jurídico esta lá para isso mesmo), a mim cabe contratar um advogado (não há defensoria pública em SC), ou procurar o EMA (escritório modelo de advocacia) que pertence a UNIVALI, o qual não vai acionar a própria instituição.

Diante disso o que posso fazer? Sinto-me impotente, como cidadã, minha filha teve seu direito desrespeitado, ficou doente, e agora só lhe resta estudar novamente para tentar uma nova aprovação, a mim como mãe, só resta chorar.