Gabriela Vier é mãe de quatro e a casa cheia tem uma característica a mais: os quatro filhos dela estão no espectro autista. Além disso, ela própria é autista e tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A rotina, os desafios e, acima de tudo, a conscientização são compartilhados por ela no Instagram e no TikTok. Nas duas redes sociais ela já soma mais de 350 mil seguidores. A família é de Porto Belo, no Litoral Norte de Santa Catarina.

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O dia a dia é correria ou, como diz Gabriela, “pauleira”: terapia para todo mundo (inclusive ela mesma), aulas de balé para trabalhar a coordenação motora das crianças, acompanhamento médico, faculdade… A rotina não para e, além de tudo isso, ela ainda arruma tempo para responder as inúmeras mensagens que chegam pelas redes sociais, pedindo apoio de outras mães atípicas — termo adotado pelas mães de crianças neurodivergentes.

No caso de Gabriela, isto também simboliza que ela mesma é neurodivergente. Ela recebeu o último diagnóstico no ano passado.

— Eu sempre digo que a Cecília libertou a família inteira, porque através dela nós conhecemos o autismo — conta.

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Cecília é uma das gêmeas, hoje com sete anos, e também parte do motivo de compartilhar a jornada da família nas redes sociais.

O perfil no Instagram começou para registrar a rotina de Cecília e Betina como modelos. As duas sempre gostaram de posar para fotos e fazer vídeos, por isso começaram já novas com trabalhos. O diagnóstico, primeiro de Cecília e depois de Betina, veio como uma libertação da família, mas um entrave na carreira.

— As agências de modelos pediam para eu não contar que elas eram autistas até para os clientes não rejeitarem elas nos trabalhos — revela.

Mas isso foi só um incentivo maior para falar sobre autismo nas redes sociais. Logo depois disso, um dos vídeos das gêmeas viralizou.

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— Pensei: “é esse é o meu propósito” — pontua.

Depois do diagnóstico das gêmeas, veio o da filha mais velha, Mayra. A garota já fazia acompanhamento com fonoaudiólogos, mas a mãe não imaginava que a dificuldade na fala pudesse ser um sinal de autismo. Aliás, ela nem sabia que isso era uma possibilidade.

— Eu sempre notei que ela era diferente, mas as pessoas falavam que ela tinha o tempo dela, que eu estava procurando cabelo em ovo. Eu não sabia nada sobre autismo — conta.

Após Mayra, quem recebeu o diagnóstico foi Enrico, o caçula, hoje com quatro anos. O laudo do pequeno foi uma surpresa, mas veio para provar a singularidade de cada pessoa no espectro.

— O autismo é uma singularidade, é uma diversidade, e cada um é diferente — conta.

Diagnóstico tardio foi “libertação”

Para Gabriela, o próprio diagnóstico foi uma libertação. O laudo dava um nome a tudo que ela sempre sentiu, desde nova.

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— Eu me perdoei por muitas coisas. Hoje eu tenho um nome para todos aqueles sentimentos que eu tinha na infância, que eu tinha na escola, na minha adolescência, o porquê eu era tão excluída. Não, eu não sou um problema. Eu tinha um diagnóstico que ninguém conhecia, ninguém me ajudou, ninguém tinha informação. Eu tirei uma bagagem muito grande das minhas costas — finaliza.

Veja fotos da família

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