“Há quatro anos tive meu primeiro filho, Eric, e com ele veio a vontade de conciliar a vida professional e a vida de mãe. Nestes quatro anos eu trabalhei em casa, dona do meu próprio negócio (como publicitária free lancer), trabalhei meio período (como professora na universidade) e hoje trabalho fora, como especialista de brand marketing numa multinacional. E se você me perguntar: ‘È melhor trabalhar de casa ou do escritório?’
Continua depois da publicidade
A resposta não é nada simples. Trabalhar de casa é, ao mesmo tempo muito bom, mas também muito difícil. Costumo dizer que não é para qualquer um. Podemos nos distrair com muito mais facilidade e isso pode gerar frustrações, pois você acaba não trabalhando direito nem cuidando bem dos filhotes. Por outro lado tem aspectos positivos como não perder tempo algum no trânsito. Você acaba tendo mais tempo para curtir seus pequenos.
Eu tive a oportunidade de ter rotinas mais flexíveis e trabalhar em casa. Até que minha filha mais nova completasse 18 meses, eu trabalhava apenas alguns dias da semana e assim pude amamentá-la até os nove meses, acompanhar a primeira papinha, os primeiros passos e as primeiras palavras. Cuidar de dois filhos, cuidar da casa e trabalhar foi uma loucura! Inúmeras vezes eu me sentia sobrecarregada e exausta. Só foi possível por que tenho um marido que é um pai presente e que me dá todo o suporte na educação dos nossos filhos.
Aqui nos Estados Unidos – onde moro há quase sete anos – trabalhar em casa é muito comum, várias empresas possibilitam o trabalho remoto. A empresa economiza com despesas de escritório e o funcionário recebe incentivos do governo. O cidadão tem direito a deduções no imposto de renda e, para ter direito a isso, basta estabelecer um lugar exclusivo para o trabalho na sua casa, literalmente um home office. O governo acredita que está incentivando empregos, aumentando a qualidade de vida do cidadão e reduzindo a circulação de carros, inclusive emitindo menos poluição. Todos ganham.
Depois de quase quatro anos passando boa parte do dia em casa com as crianças, percebi que era hora de investir mais na minha carreira para me sentir completa. Para mim, trabalhar é um prazer, eu amo o que eu faço. Eu sou uma dessas pessoas que gosta de sair de casa todos os dias, se arrumar, ver gente, fazer network, trabalhar com o que se gosta, se sentir desafiada. Foi ótimo poder acompanhar de perto os primeiros anos dos meus filhos mas hoje me conheço melhor e sei que sou uma mãe mais feliz se eu tiver o meu tempo.
Continua depois da publicidade
Hoje meus filhos (Sophia de 2 anos e Eric de 4) vão em uma creche do outro lado da rua do meu escritório. Nós acordamos, tomamos café, vamos à creche e muitas vezes vou lá dar uma espiada neles. No final do dia, vou buscá-los. Meu tempo é todo deles.
E voltando a pergunta inicial, ‘É melhor trabalhar de casa ou do escritório?’. Eu respondo dizendo que depende de cada mãe. Não é uma decisão simples. É muito fácil se sentir culpada. Cada um sabe o que lhe faz feliz. Cada um sabe as oportunidades que tem. Somente você saberá fazer essa escolha por você. Boa sorte!”
Cristiane Paganelli Cunha, 33 anos, natural de Florianópolis e moradora de Iwoa City (EUA)