A última vez que a piscóloga Graziele Gomes viu a filha foi na sexta-feira, dia 28. Do Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, a criança de dez anos partia em direção ao município de Engenheiro Beltrão, no Paraná, para passar o Carnaval na companhia do pai.
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O retorno estava marcado para as 19h da quarta-feira de cinzas, mas a menina não apareceu no abre e fecha da sala de desembarque para reencontrar a mãe que a esperava.
Em contato com a Polícia Federal, Graziele teve a informação de que a filha não havia perdido o voo, mas este havia sido desmarcado pela atual esposa de Luciano Almeida Matias, pai da menina.
Por meio de sua advogada em Engenheiro Beltrão, a psicóloga soube que na quinta-feira, por volta do meio dia, pai e filha partiram em uma pick-up, com mala e mochila, fato que teria sido registrado por uma câmera de segurança do prédio.
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Os aparelhos celulares de ambos teriam ficado no apartamento, onde permanece a esposa de Matias, que diz não saber o paradeiro do companheiro.
Busca pela filha
Graziele procurou ajuda com a PF, onde registrou um boletim de ocorrência. A mãe suspeita de que o ex-marido, com quem ela conviveu por seis anos, sequestrou a própria filha. A mãe detém a guarda desde 2008 e diz ter motivos para acreditar que Matias não quer devolver a filha.
_ Não é a primeira vez que ele não cumpre com o combinado. Nas outras duas ocasiões, tive que ir pessoalmente buscá-la _ conta a mãe.
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Outra versão
O principal temor de Graziele é o de que Matias, que possui cidadania portuguesa, saia do país com a filha. Foi com este argumento que o juiz Sílvio Hideko Yamagushi, da Comarca de Engenheiro Beltrão, expediu um mandado de busca e apreensão. Só que o advogado do suspeito, Robson Julian Berguio Martin, tem uma outra versão para o caso.
– Esta história de sequestro é inexistente – afirma.
Na versão do advogado, Luciano estaria a caminho de Florianópolis para devolver a criança pessoalmente e ele só não a entregou na quarta-feira, pelo avião, porque a menina insistiu em ficar.
A menor alega sofrer maus tratos e relatou isto diante do promotor no mesmo dia em que deixou de embarcar para Florianópolis. Quando o pai estava a levando ao aeroporto, a menina se sentiu mal e disse que não queria voltar a morar com a mãe.
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“Jamais houve agressão”
No depoimento prestado pela garota na Promotoria de Justiça da Comarca de Engenheiro Beltrão, está registrado que ela “não está gostando de conviver com sua Genitora”, pois a mãe estaria restringindo o contato com o pai e até havia batido nela por querer falar com Matias. O documento oficial foi publicado no Facebook pela madrasta.
Graziele afirma nunca ter batido na filha, mas não duvida que ela tenha dito isto ao promotor.
– Eu sou a mãe que puxa a orelha para que faça a tarefa, tome banho e coloco ela na linha, mas jamais houve qualquer tipo de agressão verbal ou física. Eles (pai e madrasta) fazem a cabeça dela contra mim – alega a mãe.
Provável reencontro?
Entretanto, o reencontro de Graziele com a filha estaria próximo. De acordo com o advogado de Matias, ele deve chegar em Florianópolis até domingo.
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– O Luciano me ligou de um hotel, uma espécie de Resort, e disse que estava ali para acalmar a filha, que não quer voltar para casa. Amanhã (sábado) ou domingo ele deve estar chegando aí (em Florianópolis) – contou o advogado, que entrou com um pedido de modificação da guarda e para suspender o mandado de Busca e Apreensão.
Graziele duvida desta versão e continua à procura do paradeiro da filha.
– O meu objetivo é encontrá-la. Se ele (o pai) não está fazendo nada de errado, porque não entregou ela ainda? Porque não entrou em contato para avisar que está vindo? Eu não acredito que ele esteja a caminho, mas se assim for e ele entregar minha filha, retiro a denúncia – garante.