O presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, tentará a reeleição em 2018, anunciou seu vice-presidente, confirmando um segredo que reforça um cenário de antecipação das eleições.
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E, 2018 “vamos ter, se Deus e o povo quiserem, a reeleição de nosso irmão Nicolás Maduro como presidente da República”, disse o vice-presidente, Tareck El Aissami, durante um encontro Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV, governo).
Sob aplausos, El Aissami indicou que a eventual reeleição de Maduro será a resposta ao “golpismo” da oposição e à “perseguição financeira e às sanções” dos Estados Unidos.
“Já estamos preparados para obter uma grande vitória”, afirmou em Maracay (norte).
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Um segundo mandato de Maduro – acrescentou El Aissami – fortalecerá as vitórias do chavismo em 2017, entre as quais mencionou a eleição da Assembleia Constituinte que rege com poderes absolutos desde agosto e as eleições regionais, ganhas em 18 de 23 governos em outubro.
Agora, previu, “vamos ter a grande maioria das prefeituras” nas votações de 10 de dezembro, nas quais os principais partidos opositores não participarão.
A candidatura de Maduro é anunciada a dois dias do início de um diálogo entre governo e oposição na República Dominicana para buscar saídas à asfixiante crise política e econômica.
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Maduro, um ex-motorista de ônibus de 55 anos, foi eleito para o período 2013-2019, após a morte do presidente Hugo Chávez, que o apontou como sucessor.
Por lei, as eleições devem ser realizadas em dezembro de 2018, mas dirigentes opositores e analistas não descartam uma antecipação.
– “O menos pior” –
O anúncio foi criticado pelos líderes opositores. “Se Maduro quer que a crise econômica seja resolvida em 2018, a única coisa que deve fazer é ir embora e permitir que a Venezuela eleja um governo honesto e eficiente”, escreveu no Twitter o deputado Henry Ramos Allup.
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A desejo de Maduro era previsível, pois mesmo com baixa popularidade (de 15% a 20% segundo as pesquisas), é o líder chavista com maior aprovação, explicou à AFP a cientista política Francine Jácome.
“É o menos mau”, comentou por sua vez o analista Luis Salamanca.
O presidente também estaria tentando sair na frente de outros candidatos da situação, que disputam no PSUV.
“Havia uma corrida interna entre aspirantes e isso pode ser uma maneira de se adiantar”, expressou Salamanca.
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Ainda que surjam novas candidaturas, Jacóme acha pouco provável que haja primárias no partido governante. “Será resolvido internamente”, opina.
O anúncio de El Aissami também alimenta a possibilidade de que as eleições sejam antecipadas.
Dirigentes opositores, como Andrés Velásquez e Yon Goicoechea, assim como a consultoria Eurasia Group advertem que o governo planeja realizar as eleições no primeiro trimestre de 2018 para tirar vantagem de possíveis reveses eleitorais e rachas da oposição.
A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) está dividida em torno das negociações com o governo e da participação das eleições municipais, das quais os principais partidos se afastaram alegando que não há garantias.
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– Eleições antecipadas –
A grave crise econômica e o obscuro panorama para 2018 também podem levar o governo a celebrar as eleições antes que a situação piore.
“Pensar em dezembro de 2018 não é realista. Vão tentar adiantá-las porque todos os prognósticos econômicos são devastadores”, apontou Jácome.
Depois da queda dos preços do petróleo em 2014, o governo reduziu drasticamente as importações, das quais o país é historicamente dependente, gerando uma severa escassez de alimentos e medicamentos.
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O colapso econômico levou a Venezuela e sua petrolífera PDVSA -que aporta 96% das divisas- serem declaradas recentemente em moratória por um grupo de credores e agências de classificação de risco, após o atraso no pagamento de juros da dívida.
Maduro tenta renegociar o passivo, que se estima em 150 bilhões de dólares, em meio a quatro anos consecutivos de recessão e uma inflação que segundo o FMI passará de 2.300% em 2018.
Especialistas garantem que o presidente poderá optar por um calote seletivo para financiar sua campanha e projetar uma imagem de recuperação, o que exporia o país a embargos e processos judiciais.
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* AFP