O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, fez nesta quarta-feira um apelo à paz em seu país em um artigo publicado no jornal New York Times, no qual pede ao “povo americano” que não puna a Venezuela.
Continua depois da publicidade
No texto, que tem como título “Um apelo à paz na Venezuela”, o presidente acusa os que organizam os protestos contra o governo há dois meses de terem como “único objetivo” a “derrubada inconstitucional do governo eleito democraticamente”.
Leia mais:
>> Venezuela se diz aberta à mediação do Vaticano ou da Unasul
>> Oposição venezuelana aceita dialogar com governo
Continua depois da publicidade
>> Prédios alugados por mais de 20 anos deverão ser vendidos a inquilinos na Venezuela
>> Passeata de deputada venezuelana destituída é dispersada pela polícia
>> Manifestantes pedem liberdade para opositor
“Os recentes protestos na Venezuela chamaram a atenção da comunidade internacional. Grande parte da cobertura nos meios de comunicação internacionais distorcem a realidade de meu país e os fatos da atualidade”, afirma Nicolás Maduro.
Segundo o presidente, nos Estados Unidos há uma “narrativa” apresentada pelo governo deste país na qual “os manifestantes são amplamente descritos como ‘pacíficos’, enquanto dizem que o governo é violento e repressor”.
“Na realidade, o governo dos Estados Unidos está ao lado do 1% que deseja arrastar nosso país novamente a uma época na qual os 99% eram excluídos da vida política e apenas a elite, incluindo as empresas dos Estados Unidos, se beneficiava do petróleo da Venezuela”, acusa.
Neste sentido, Maduro pede ao povo americano que apele ao Congresso para que não adote sanções contra a Venezuela. Ele adverte que as medidas “afetariam os setores mais pobres” da nação.
Continua depois da publicidade
“Espero que o povo americano, conhecendo a verdade, expresse que a Venezuela e seu povo não merecem tal castigo, e peçam a seus líderes políticos que abstenham-se de tais sanções”.
“A Venezuela precisa de paz. A Venezuela necessita de diálogo e a Venezuela tem que seguir adiante. Damos as boas-vindas a qualquer pessoa que sinceramente queira ajudar a alcançar estes objetivos”, completou Maduro.
A onda de manifestações contra o presidente venezuelano provocou 39 mortes e deixou mais de 550 feridos em quase dois meses.
Segundo Maduro, que cita “36 pessoas assassinadas”, os manifestantes “são diretamente responsáveis por mais da metade das vítimas fatais”.
Continua depois da publicidade
No texto, Maduro também faz uma defesa enérgica do processo iniciado em 1998 pelo falecido ex-presidente Hugo Chávez e da democracia no país.
“Desde 1998, o movimento fundado por Hugo Chávez venceu 18 eleições presidenciais, parlamentares e locais através de um processo eleitoral que o ex-presidente americano Jimmy Carter chamou de ‘o melhor do mundo'”, recordou.
“Nós, venezuelanos, nos sentimos orgulhosos de nossa democracia. Construímos um movimento democrático e participativo a partir da base, que tem assegurado que tanto o poder como os recursos sejam distribuídos de maneira equitativa a nosso povo”, disse.
Maduro admitiu, no entanto, que o governo “enfrentou sérios problemas econômicos nos últimos 16 meses, incluindo a inflação e a escassez de alguns produtos básicos”.
Continua depois da publicidade
Ele também cita o aumento da criminalidade, que está sendo combatido com “a criação de um novo corpo de polícia nacional”.
Mas no fim do texto ele reitera a posição oficial sobre as manifestações.
“A maior parte dos protestos contra o governo está sendo organizada pelos setores mais ricos da sociedade, que se opõem e tentam reverter as conquistas do processo revolucionário que tem beneficiado a imensa maioria do povo venezuelano”, afirma.

.