O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, prometeu na noite de domingo aprofundar a revolução herdada por Hugo Chávez, com a reativação da economia e o combate à corrupção, ao fazer um balanço de seus 100 dias de governo e celebrar o aniversário de 59 anos de seu mentor.

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– Até aqui já não são 100 dias, são 100 anos pelo menos para a Revolução Bolivariana (…) Aqui as coisas têm que mudar, o que está ruim tem que mudar – afirmou Maduro no Quartel da Montanha, onde os restos de Chávez repousam.

Acompanhado por membros do governo e das forças armadas, Maduro encabeçou um ato para homenagear o dia do aniversário de Chávez, falecido em 5 de março passado em função de um câncer, que também coincidia com seus 100 dias no poder, um período marcado pela crise econômica e pelo desconhecimento da oposição.

– A revolução dentro da revolução – enfatizou Maduro, parafraseando o líder cubano Fidel Castro. – Para que mude tudo de ruim, para combater a corrupção, a lentidão, a burocracia – acrescentou, entre os aplausos dos que acompanhavam seu discurso.

– Não é fácil, nossa luta nesses 100 dias foi heroica – afirmou o presidente mais cedo, ao iniciar as celebrações na cidade natal de Chávez, Sabaneta, em Barinas (oeste).

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– Hoje é um dia muito sensível para todo o povo venezuelano, estamos lembrando os 59 anos de quem viu sua primeira luz (…), de quem trouxe a luz para esta Terra, de quem ressuscitou a ideia de (Simón) Bolívar – disse Maduro.

O presidente, recebido em Barinas pelo governador deste estado, Adán Chávez, irmão do ex-presidente, liderou os atos comemorativos junto à família Chávez, ministros e autoridades locais.

– Viemos com a energia dele, com a força de um gigante para continuar fazendo revolução. Homenagear Hugo Chávez deve ser fazer revolução e mais revolução para que o aniversário dele seja realmente feliz – acrescentou Maduro.

Sem ter o carisma de Chávez, os analistas acreditam que a liderança de Maduro enfrenta grandes problemas: uma inflação de 25% no primeiro semestre – a maior da América Latina -, ciclos de escassez e violência criminal que, em 2012, deixou 16.000 assassinatos.

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O analista Luis Vicente León opina que Maduro tem “as mãos atadas” para tomar decisões econômicas urgentes, como a desvalorização da moeda, pois implicam um custo político. “Maduro não é Chávez”, enfatizou.

Alguns chavistas reconhecem que a situação é difícil, mas acreditam que Maduro está se saindo bem, outros se queixam que sentem falta do “Comandante”.

– Sou chavista e votei em Maduro como pediu o Comandante, mas a situação está ruim, existem muitos bandidos – afirmou Ana Urieta, vendedora de batatas fritas no populoso bairro de Petare (leste de Caracas).

O líder da oposição, Henrique Capriles, que não reconhece sua derrota nas eleições para Maduro, acusa o governo de usar a imagem de Chávez para “tapar os problemas” do país. “Foram 100 dias de desastre, pura propaganda”, afirmou.

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Os analistas também acham que a oposição dilapidou seu capital político, sem renovar sua estrategia, enquanto Maduro afiança seu governo “corporativista” e aprofunda as linhas de Chávez como a “exclusão política, militares no governo e o anti-imperialismo”, afirmou o analista Carlos Romero.

Chávez, um tenente-coronel da reserva, faleceu no dia 5 de março depois de lutar por 20 meses contra um câncer, cuja localização e tipo nunca foram divulgados.

Após sua morte, Maduro foi eleito como seu sucessor nas eleições de 14 de abril, nas quais venceu por estreita margem de vantagem Capriles.

O ex-presidente faleceu depois de ser reeleito para um terceiro mandato de seis anos no dia 7 de outubro ao derrotar Capriles.

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Hugo Chávez governou a Venezuela de 1999 até sua morte. Em seu mandato liderou a chamada revolução “socialista” ou “bolivariana”, elogiou a obra do libertador Símon Bolívar e se caracterizou por suas duras críticas contra os Estados Unidos.