A extrema tensão na Venezuela, país que enfrenta grave crise econômica e institucional, está levando os atuais protagonistas do jogo político a redobrarem sua preocupação com a segurança. Nas ruas do país, oito pessoas morreram e 60 ficaram feridas em enfrentamentos.

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De um lado, o presidente eleito, Nicolás Maduro, conta com o aparato militar de sempre, só que em alerta permanente. De outro, o opositor Henrique Capriles, que perdeu as eleições de domingo por 1,7 ponto, manteve o sistema de segurança que tinha durante a campanha e recebeu reforço do governo, preocupado em evitar o surgimento de um mártir. Ambos se acusam de infiltrar mercenários nas manifestações um do outro.

Capriles tuitou: “Por qualquer coisa que me ocorra na residência oficial em Los Teques, responsabilizo Nicolás Maduro!”. Los Teques é a capital de Miranda, Estado do qual Capriles é governador.

A assessoria do ex-candidato contou a Zero Hora que ele suspeitou de assédio à residência onde vive. Por ora, mantém o sistema de segurança da campanha, ao qual se somam policiais.

– Dos dois lados, são possíveis atitudes irresponsáveis. Há chavistas fanatizados, que se confundem com a pátria. Na oposição, têm antigos golpistas. Os cuidados devem ser redobrados – situou o cientista político Alejandro Mendez.

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O governo acusa Capriles de fomentar a violência ao pôr em xeque a eleição. Capriles se diz assustado com as pichações “Capriles fascista, assassino e golpista”. Também via twitter, Maduro diz: “Sou homem de paz e de palavra, ordenei ao Serbin (serviço de inteligência) manter a proteção ao ex-candidato da direita.”

Maduro, que tem o desafio de conduzir um país com inflação alta, desabastecimento e violência urbana, já falou na TV em “radicalizar a revolução” com o “apoio do povo, da Força Armada Nacional Bolivariana”. Capriles mira o referendo revogatório previsto na Constituição para o meio do mandato de seis anos (daqui a três anos, portanto) e conta com o arrefecimento do efeito positivo que a morte de Hugo Chávez operou na imagem de Maduro.