Cerca de duzentas celebridades, entre elas Madonna, Sting, Robert De Niro e Joaquin Phoenix, assinaram um manifesto "contra o retorno à normalidade", publicado no jornal francês Le Monde. A carta aberta foi dirigida aos líderes mundiais e cidadãos de países de todo planeta. Com o título Não a um regresso à normalidade, o texto pede por mudanças profundas nos estilos de vida, consumo e economias dos países, aproveitando lições aprendidas durante a pandemia de coronavírus.
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"A pandemia de Covid-19 é uma tragédia", diz o manifesto. "Mas esta crise tem a virtude de nos convidar a enfrentar as questões essenciais. A conclusão é simples: os 'ajustamentos' já não são suficientes; o problema é sistêmico." Segundo os signatários, a atual "catástrofe ecológica" é uma "meta-crise", porque "a extinção em massa da vida na Terra já não está em dúvida, e todos os indicadores apontam para uma ameaça existencial direta."
"Ao contrário de uma pandemia, mesmo que muito grave, trata-se de um colapso global cujas consequências serão insuportáveis", prosseguem, pedindo que as pessoas "libertem-se da lógica insustentável que ainda prevalece, para que finalmente trabalhem no sentido de repensar profundamente os objetivos, os valores e as economias de cada um e cada lugar." A carta cita problemas como a poluição, o aquecimento global e a destruição de habitats naturais, dizendo que a humanidade "nega a própria vida: das plantas, dos animais, e de um grande número de seres humanos."
Entre outras personalidades que assinam a carta estão as atrizes Juliette Binoche, Cate Blanchett, Monica Bellucci, Marion Cotillard, Penélope Cruz e Jane Fonda; os atores Javier Bardem, Willem Dafoe e Ralph Fiennes; os físicos Aurélien Barrau e Albert Fert; o antropólogo Philippe Descola; os cantores Iggy Pop e Benjamin Biolay; e os diretores Pedro Almodóvar, Alfonso Cuarón, Jim Jarmusch e Spike Jonze.
"Por estas razões, combinadas com desigualdades sociais cada vez maiores, parece impensável 'voltar ao normal'", finaliza a publicação. "A transformação radical necessária em todos os níveis exige ousadia e coragem, e demanda um compromisso maciço e determinado. É uma questão de sobrevivência, assim como de dignidade e coerência."
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