A filmagem de um Macuco, passeando por uma área de Mata Atlântica em Florianópolis, é o único registro em imagem que se tem dessa ave na Ilha de Santa Catarina. O ‘flagrante’ é uma conquista importante para quem estuda a fauna e a flora da região, já que a ave é considerada vulnerável no Estado, e quase ameçada no critério internacional de classificação de espécies.

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Raro de se ver nos dias atuais, o Macuco foi bastante caçado em décadas anteriores, o que contribuiu para que a ave quase desaparecesse. Ele é um animal silvestre, e sua caça é proibida no Brasil.

O coordenador da avifauna do projeto Fauna Floripa, Guilherme Brito, explica que além da pressão da caça, a destruição do habitat do Macuco é outra ameaça importante. Isso porque ele é uma ave que voa pouco, e se alimenta de frutos, sementes e bagas que caem das árvores.

– Esses bichos são dependentes desse tipo de ambiente, é uma espécie indicadora. Ao entrar na mata e encontrar o Macuco, é um indicativo de que aquele ambiente está bastante saudável, pois sustante a população de um bicho que precisa de certos parâmetros para viver ali – explica Brito.

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O Macuco não passa de 1,8 kg, e pode viver de 12 a 15 anos em cativeiro. Eles são endêmicos da América do Sul, e na natureza, não há indicativo de quanto tempo eles vivem. Os ovos são azul celeste, e ele faz parte da família Tinamidae. 

A ave registrada pelas armadilhas fotográficas do Projeto Fauna Flora é adulta, e foi filmada em novembro do ano passado. A expectativa do professor adjunto do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, e dos demais pesquisadores, é que outros animais da mesma espécie possam ser flagrados ao longo da pesquisa.

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– Foi incrível, a gente imaginava que iria ter registros diferentes. As câmeras aumentam o esforço amostral do projeto. Também registramos um falcão florestal, que é comum no continente, mas raro na Ilha – destaca o especialista em aves.

O último registro sobre a avistagem do Macuco na Ilha foi de um livro publicado em 2000, e que trazia relatos, mas sem imagens. Como a ave pia bastante e tem uma vocalização bem característica, a intenção é instalar gravadores para tentar captar o som do Macuco em diferentes pontos da Ilha, em busca de mais representantes da espécie.

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Armadilhas fotográficas auxiliam na pesquisa

Em dez meses de monitoramento, o Fauna Floripa já registrou dezenas de animais silvestres como o cachorro-do-mato, gavião-pombo-pequeno, gambás, macacos prego, rãs e pacas em área de Mata Atlântica, que compõe grande parte do território de Florianópolis.

O Projeto Fauna Floripa é composto pela Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram), Instituto do Meio Ambiente (IMA) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O Macuco foi flagrado pelas armadilhas fotográficas em novembro do ano passado, mas a informação foi divulgada recentemente pelos pesquisadores.

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Conforme o grupo de pesquisadores, as armadilhas fotográficas contribuem para a elaboração de estratégias de conservação a longo prazo, como a possibilidade da reintrodução da fauna nativa em algumas regiões.