O presidente argentino Mauricio Macri superou com sucesso no domingo o teste das primárias para as eleições legislativas de 22 de outubro com um grande apoio, ao mesmo tempo que a ex-presidente Cristina Kirchner retornou com força na província de Buenos Aires, maior distrito eleitoral.
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Macri agradeceu no domingo que suas listas tenham sido as mais votadas em alguns dos principais distritos eleitorais.
Kirchner, candidata a senadora, apareceu em público às 4h00 para reivindicar a maior quantidade de votos na província de Buenos Aires, a maior do país com quase 40% dos eleitores, e denunciar uma “vergonha” pela demora na apuração.
“O resultado é que ganhamos”, disse Kirchner aos simpatizantes, que celebraram seu retorno à disputa eleitoral, 19 meses depois de deixar a presidência.
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“Nunca pensei que teria que pedir perdão pela vergonha que vivemos. Foi montar um show, simular, mas é uma ofensa aos cidadãos que votaram lealmente”, afirmou a ex-presidente.
A votação foi de fato um plebiscito à gestão do governo. O macrismo superou o opositor peronismo em grandes distritos como Cidade de Buenos Aires (49% a 20%), assim como nas províncias de Mendoza (41% a 33%) e Córdoba (46% a 28%).
Mas o kirchnerismo reverteu uma desvantagem e aparecia na frente da estratégica Santa Fé (27,58% a 27,55%), com 95% das urnas apuradas.
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Às 4H30, o resultado crucial na província de Buenos Aires mostrava 34,17% dos votos para o macrismo e 34,13% para o kirchnerismo, com 95% das urnas apuradas. Os kirchneristas denunciaram irregularidades na contagem dos votos.
Macri, de 58 anos, comemorou o resultado no domingo à noite na sede da frente governamental ‘Cambiemos’ (aliança da direita liberal e de social-liberais), ao lado de seus partidários.
Mas ele admitiu que “os 19 meses (de governo) têm sido difíceis”.
“Se existisse alguma maneira de não aumentar as tarifas, a teria adotado. Mas o risco era ficar sem luz, gás, água e transporte”, disse.
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A oposição fez campanha contra os “tarifaços”, a elevada inflação e o desemprego.
Kirchner, de 64 anos, será candidata a senadora em outubro por uma frente de centro-esquerda. O resultado da ex-presidente nas urnas era um dos principais interesses da imprensa nas primárias.
– Dois modelos –
Em outubro, os argentinos renovarão metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. Até agora sem minoria, Macri fechou alianças legislativas com peronistas afastados de Kirchner (2007-2015).
Cristina Kirchner e ex-ministros de seu governo são acusados de corrupção. Mas a justiça também investiga Macri por aparecer com contas ‘offshore’ no escândalo ‘Panama Papers’, entre outros casos.
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A ex-presidente fundou este ano um partido de centro-esquerda, Unidade Cidadã. Ela se afastou do Partido Justicialista (PJ, peronista) que domina o Congresso. Sua campanha teve como lema “Assim não podemos continuar”.
Kirchner pediu o voto “dos que perderam o trabalho ou vivem com o temor de perdê-lo, dos que não chegam ao fim do mês com o salário ou não podem comprar comida como antes, ou pagar a luz, o gás e a água”.
Macri está há um ano e meio no poder e não conseguiu cumprir a promessa de obter investimentos estrangeiros, que registraram queda de 50% em ritmo anual em 2016, segundo a Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
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A inflação disparou em 2016 e nos primeiros sete meses deste ano acumula 13,9%. O desemprego e a pobreza cresceram, enquanto a economia do país se encontra estagnada.
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* AFP