Maceió voltou a registrar um novo tremor de terra, de magnitude 0,89, na noite dessa sexta-feira (1º) na região onde fica a mina da Braskem que corre o risco de colapsar. De acordo com informações da Defesa Civil, o tremor teve 300 metros de profundidade e, mesmo com o abalo, não aumentou o afundamento do local. As informações são do g1 AL.
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Conforme o órgão, a velocidade do afundamento reduziu de 2,6 centímetros para 1 centímetro por hora nessa sexta. Entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro, o solo de uma das 35 minas da Braskem para extração de sal-gema em Maceió, que estava sob risco iminente de desabar, cedeu 1,43 metro.
Três sensores instalados na região do antigo campo do CSA, no bairro do Mutange, seguem apresentando alertas de movimentação do terreno. O Centro de Monitoramento continua em alerta máximo, e há riscos de desabamento da mina abrir uma cratera do tamanho do Maracanã.
O bairro do Mutange foi evacuado assim que o problema começou. Nos bairros vizinhos também houve evacuação parcial. Diversas famílias dos bairros Bom Parto, Bebedouro e Pinheiro saíram voluntariamente e até um hospital transferiu todos os seus pacientes.
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A Braskem, empresa responsável pela mineração, informou que continua monitorando a situação da mina 18 e que “continua tomando todas as medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências” e segue colaborando com as autoridades competentes.
Situação é rara
Ao site Metrópoles, Cláudio Amaral, professor de geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), destaca que, com o esvaziamento da camada inferior, iniciada na década 1970, há uma redistribuição natural do material em direção a esse buraco.
— Você tirou material lá de baixo, tirou a sustentação, o que está em cima começa a recalcar, ou seja, afundar. Se o material não tivesse sido retirado, não aconteceria isso — explica.
Embora raro, o Brasil tem casos semelhantes, também causados pela intervenção humana relacionada à exploração de recursos naturais. Em Vazante (MG), há registros de diversos afundamentos pela cidade decorrentes da mineração de zinco. Outro episódio desse tipo também aconteceu em Cajamar (SP), em 1986. Na ocasião, devido à retirada excessiva de água em uma caverna subterrânea, houve um desabamento no centro da cidade.
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Ainda ao Metrópoles, o professor contextualiza que, no Brasil, há uma relação complicada entre mineração e urbanização, com conflitos e desastres ambientais.
— Você tem um conhecimento científico que aponta que o surgimento das cidades não deve se dar de maneira aleatória. Não há mais como a sociedade brasileira aceitar esse tipo de desastre — afirma.
Área de risco
Na última quinta-feira (30), de acordo com a matéria publicada no Metrópoles, a Defesa Civil retirou mais moradores de regiões de risco, após a zona de alerta ser aumentada. A Justiça Federal, baseada em relatórios técnicos, determinou a inclusão de novas áreas na zona de risco para colapso em minas da Braskem e autorizou o uso da força para remover os moradores da região afetada.
A medida atende pedido do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União e do Ministério Público do Estado de Alagoas pela inclusão de mais áreas no programa de realocação da Braskem. A Justiça estabeleceu que o monitoramento também fosse intensificado.
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