A rodovia macedônia que prossegue até a Grécia acaba de ser rebatizada como “autoestrada da amizade”, uma prova de Skopje e Atenas desejam resolver a divergência sobre a palavra “Macedônia”, objeto de uma importante reunião em Viena.

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As negociações começaram nesta sexta-feira na capital austríaca entre os ministros das Relações Exteriores grego e macedônio, Nikos Kotzias e Nikola Dimitrov, na presença do representante da ONU, Matthew Nimetz.

Desde que a ex-república iugoslava declarou sua independência em 1991, os gregos negam ao país o direito de utilizar o nome “Macedônia” que, segundo Atenas, só pode fazer referência a sua província setentrional.

Esta disputa prejudica as ambições de adesão da Macedônia à União Europeia e Otan.

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Na ONU, o país continua sendo designado pela sigla ARYM (Antiga República Iugoslava da Macedônia, ou FYROM na sigla em inglês).

Os gregos também negam o direito a reivindicar a herança dos reis Alexandre, o Grande e Filipe de Macedônia.

Entre os nomes citados com mais frequência pela imprensa dos dois países aparece em particular “Gorna Makedonija”, “Alta Macedônia”.

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“Agora existe uma determinação comum dos primeiros-ministros Alexis Tsipras e Zoran Zaev para resolver o problema” explica o cientista político macedônio Nano Ruzin, ex-embaixador do país na Otan.

Mas o fervor nacionalista continua presente nos dois lados. Na Grécia foram organizadas recentemente grandes manifestações em Atenas e Tesalonica, capital da província grega da Macedônia, o ministro Nikos Kotzias recebeu ameaças e uma pesquisa mostrou que 70% dos gregos seriam hostis a um nome que inclua o termo Macedônia ou um derivado.

Em Skopie, o tema pode virar um instrumento para a oposição de direita nacionalista (VMRO-DPMNE) tentar enfraquecer o governo, que tem uma maioria reduzida.

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“O VMRO-DMPNE apoia o processo de negociação”, disse um de seus líderes, Aleksandar Nikoloski, que reclamou, no entanto, da falta de consultas do partido que governa o país.

Ainda existe obstáculos sérios. Atenas exige que a mudança de nome do país vizinho seja validada por uma alteração constitucional e que seja aplicada em todos os âmbitos, segundo o princípio jurídico “Erga Omnes”.

O problema é que, mesmo com o apoio dos partidos da minoria albanesa, os social-democratas que lideram o governo de Zoran Zaev não têm maioria no Parlamento para uma mudança constitucional. E um referendo seria algo muito perigoso, segundo os analistas.

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Os macedônios esperam que um progresso nas negociações aproxime o país da adesão à UE – os recursos europeus seriam cruciais para a economia do país – e também da Otan.

* AFP