A BR-470 é essencial para o deslocamento de produtos vindos do Oeste e do Planalto Serrano em direção ao Litoral, repetem incansavelmente as entidades empresariais. Mas o que isso realmente significa para o Estado, para os catarinenses? Mais do que se imagina.
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A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomécio) tentou exemplificar em números o impacto da falta de uma rodovia duplicada para a região: a média de crescimento do PIB per capita é menor nos municípios próximos à BR- 470 (6%) em relação aos que circundam a BR-101 (9,4%).
A pesquisa divulgada em agosto, feita com dados econômicos dos últimos 10 anos, também mostra o prejuízo no crescimento de empresas: 1,5% contra 2,2%. A diferença no estoque de emprego formal é ainda mais significativa, com 1,9% e 4%, respectivamente.
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— Sem infraestrutura estamos segurando o desenvolvimento da nossa região — resume o vice-presidente da Fecomércio e presidente do Comitê de Duplicação, Emilio Schramm.
O presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), Ari Rabaiolli, faz uma análise semelhante à de Schramm. Ele afirma que pelo menos 70% das exportações passam pela BR-470. Os produtos do agronegócio vindos do Oeste precisam da rodovia para chegar aos portos, mas esbarram na precariedade da maioria dos trechos.
O mapa da BR-470

MaIs rapidez, mais produção
A duplicação representa agilidade e possível crescimento às empresas, principalmente em relação às vendas ao exterior. É por isso que o pedido pela modernização vem das principais entidades catarinenses.
A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) publica constantemente documentos que reforçam a necessidade da conclusão da obra. Um dos mais recentes cita a BR-470 como corredor estratégico aos portos de Itajaí, Navegantes, São Francisco do Sul, Itapoá e Imbituba, além do Aeroporto de Navegantes.
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> Números da duplicação da BR-470 dão razão a quem está cético
Com o mau estado de conservação, as viagens levam mais tempo para serem feitas, necessitam de maior consumo de combustível e de cursos operacionais mais altos, exemplifica a Fiesc. Com a obra pronta, os caminhões retornariam mais rápido dos portos para as indústrias, o que daria maior volume de carga em menos tempo.

Para o exportador, isso significa ter um custo mais baixo com a menor frota de caminhões possível, ou seja, não perder dinheiro com o veículo parado.
A Fetrancesc solicitou um estudo recentemente para tentar estipular quantas horas as companhias perdem ao trafegar pela BR-470. O desânimo é tanto que às vezes empresários consideram a ideia de exportar pelo Litoral do Paraná, para evitar a rodovia que corta o Vale, revela o presidente.
— A BR-470 é o caos, não é admissível um Estado que arrecada tanto ter que passar por uma situação dessa — lamenta Rabaiolli.
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Para o consultor do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Rio do Sul (Codensul), Cleber Stassun, a percepção é que a região não tem mais recebido novas indústrias, justamente pela dificuldade em escoar a produção. Quem investe são os empresários que já se consolidaram no Alto Vale.
Viagens mais demoradas, repletas de buracos e filas, e os prejuízos com danos aos veículos são alguns dos pontos enfrentados pelas transportadoras. A comparação com rodovias em melhores condições apenas
reforça o que a cadeia produtiva percebe diariamente: o sucateamento da BR-470 resulta em um efeito cruel para a economia, que perde na competitividade.
Por isso, a duplicação da BR-470 no Vale do Itajaí é essencial.