A mãe da menina de 11 anos assassinada em Timbó disse em depoimento ter matado a filha em um “ataque de raiva”, segundo o delegado André Beckman, que está com o Caso Luna desde o fim da última semana.
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Conforme o investigador, a mulher não demonstrou qualquer emoção ao confessar o crime e teria se responsabilizado pelo homicídio ao saber que o companheiro, padrasto de Luna Nathielli Bonett Gonçalves, seria preso temporariamente. Com isso, foi detida também.
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— O padrasto chorou ao contar que do dia para noite não tinha mais nada [emprego em academias] e que era apontado na rua como culpado. A mãe, por outro lado, não demonstrou em momento algum qualquer emoção. Ficou o tempo todo olhando para baixo — relata o delegado.
A mulher estava em um relacionamento com o professor de jiu-jitsu há pelo menos um ano, ainda conforme o delegado. Ela morava com ele e os três filhos de companheiros anteriores em uma casa no bairro Imigrantes, que pertence ao suspeito. Luna era a mais velha e tinha uma irmã de seis anos e outro de nove meses.
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Mãe alegou sofrer de síndrome do pânico
A mãe da garota disse ao delegado sofrer de síndrome do pânico e por isso não saía de casa e não deixava que as filhas saíssem também, apenas para o essencial. Ela não conseguiu comprovar a doença com exames, nomes de remédios ou médicos.
Ao supostamente descobrir que a mais velha tinha um namorado e mantinha relações sexuais com o jovem, teve o ataque de raiva e espancou Luna a socos e chutes.
— Ela contou que foi prostituta e não queria que as filhas seguissem pelo mesmo caminho. Por isso não aceitava que ela tivesse esse tipo de relações — detalha o delegado.
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A confissão, porém, tem incongruências, cita o investigador. Partes do relato não batem com o que foi apurado pela perícia até o momento. O delegado não revela todas as falhas, mas cita alguns exemplos. A menina teria jantado depois da violência, conforme a mãe, algo que não aconteceu pela análise no Instituto Médico Legal (IML).
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Ela também teria ido a uma padaria e demorado a voltar, o que fez com que a mãe desconfiasse de um encontro amoroso. No entanto, até o momento não há constatação de que a pequena saiu de casa naquele dia.
Outro mistério a ser desvendado é a lesão que a menina tinha nos órgãos genitais. Quem a violentou?
— É preciso saber quem praticou essa violência. No atual momento não posso adiantar a culpa. O recolhimento [prisão] deles [mãe e padrasto] foi essencial para a continuidade das investigações — avalia o delegado.
Ele não descarta outras hipóteses e diz que tem 30 dias para terminar o inquérito. Deve ouvir novas testemunhas esta semana e esperar o laudo do IML ficar pronto, o que pode levar até 10 dias. Por enquanto, acredita ter ocorrido um feminicídio.