Santa Catarina e Florianópolis deixaram de ser os destinos turísticos preferidos pelas classes A e B para despontarem na preferência das classes C e D. A conclusão está na Pesquisa Turismo de Verão 2017, elaborada pela Fecomércio/SC, e mostra que além de terem vindo em menor número, os visitantes gastaram menos.

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Na comparação com o último balanço, feito sobre a temporada de verão 2015/2016, os gastos com hospedagem, transporte, alimentação, lazer e comércio caíram dos R$ 3,9 mil para pouco mais de R$ 3 mil. Além de consumirem menos, a maioria das pessoas optou por pagar com o cartão de crédito parcelado, o que interfere na dinâmica financeira das empresas. Segundo a pesquisa, o faturamento caiu 14% em relação ao ano passado.

Para o gerente de planejamento da Fecomércio/SC, Renato Barcelos, muito da frustração do setor vem do excesso de expectativa criada pelo bom desempenho do ano anterior. Em 2016, o real desvalorizado em relação ao real fez com que muitos turistas estrangeiros – sobretudo argentinos – viessem a Santa Catarina. “Só que isso foi um ponto fora da curva”, diz Barcelos.

Parados no tempo

Além do levantamento da Fecomércio/SC, dados da Polícia Federal mostram redução na quantidade de pessoas que cruzam as fronteiras terrestres do Brasil e entram em Santa Catarina. Por Dionísio Cerqueira, por exemplo, entre Janeiro e Fevereiro de 2016 passaram 178,3 mil pessoas. Nesses mesmos dois meses de 2017, foram 160,3. Além disso a Infraero contabilizou a redução nos voos charters: dos 423 de 2016, apenas 401 estavam agendados para essa temporada.

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Apesar dos dados em nítida queda, para o presidente da Embratur, o catarinense Vinícius Lummertz, a vinda de turistas estrangeiros está em “ligeiro crescimento”. Porém, ao ser questionado sobre a mudança do perfil do visitante, com renda menor e em quantidades mais tímidas, o ex-secretário de turismo de Florianópolis disse que a falta de empreendimentos turísticos na Capital e no Estado se dá pela “ideologia anticapitalista”.

“O Estado quer competir em 2016 com um Opala dos anos 80, e muito disso é por conta do posicionamento de alguns membros do Ministério Público Federal, que não deixam fazer nada, construir nada. Somos um país capitalista, uma democracia liberal, mas como nada pode aqui, não é surpresa que estejamos vivendo essa situação”, avaliou.

Para o presidente da Santur, Valdir Walendowsky, os resultados não devem levar em consideração apenas o litoral. A Serra Catarinense e o calendário de festas típicas proporcionam números positivos ao Estado.

Ouça o boletim de Felipe Reis com a entrevista de Vinícius Lummertz: