O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender nesta terça-feira que o Brasil e os demais países em desenvolvimento devem “rechaçar com veemência” a alternativa protecionista para o combate à crise econômica.

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Lula insistiu nessa posição, em discurso durante o almoço que ofereceu ao presidente Tabaré Vázquez, do Uruguai, que tem sido, também, um árduo crítico das medidas protecionistas adotadas pela Argentina.

Em sua exposição, Lula insistiu que o mundo em desenvolvimento deve resistir à tentação de novos adiamentos da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) “sob pena de postergar a retomada do comércio e de agravar a crise”.

Também informou que para a reunião de cúpula do G-20, em Londres, no início de abril, levará a demanda de maior participação dos países em desenvolvimento nas decisões sobre a reforma das instituições multilaterais, porque as medidas a serem adotadas afetarão a todos os países igualmente.

No plano bilateral, o presidente assinalou o interesse da Petrobras na prospecção e exploração de petróleo e gás na plataforma continental do Uruguai. A companhia já tomou a iniciativa de investir US$ 100 milhões em melhorias no sistema de distribuição de gás no país vizinho.

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Projetos

Lula também ressaltou a parceria Brasil e Uruguai em três projetos de infraestrutura. O primeiro, a construção de uma linha de transmissão de energia entre Candiota (RS) e San Carlos, o segundo, o projeto de hidrovia da Lagoa Mirim e o terceiro, a nova ponte sobre o Rio Jaguarão, na fronteira entre os dois países.

Também mencionou o interesse brasileiro de expandir seus investimentos no Uruguai, especialmente nos setores aeronáutico, farmacêutico, naval, de autopeças e de informática. Tratam-se de setores com alto potencial de integração à cadeia produtiva brasileira.

Moedas locais

Lula também defendeu uma discussão rápida sobre o uso de moedas locais no comércio bilateral e regional como forma de superar a escassez de crédito provocada pela crise financeira internacional.

– Para aprofundar a integração, precisamos encontrar formas inovadoras para superar a escassez do crédito. Devemos, portanto, acelerar a discussão do uso de moedas locais no nosso comércio bilateral e regional – disse Lula.

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De acordo com o presidente, a crise financeira ameaça os projetos sociais e econômicos do Brasil e do Uruguai:

– Nossos países vivem os reflexos de uma crise que não criamos e que ameaça nossas conquistas no campo econômico e social. Os preços de nossos principais produtos de exportação vêm sofrendo forte volatilidade, reduzindo os recursos para nossos projetos de crescimento.

No encontro, Lula disse a Vázquez que o recebia como um “companheiro” já que ambos, há muitos anos como líderes de oposição em seus países, tiveram a oportunidade de compartilhar sonhos e esperanças.

Tabaré Vázquez está no Brasil a convite do presidente Lula. O Brasil é atualmente o principal parceiro comercial do Uruguai.

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