O ex-presidente Lula (PT) visita Florianópolis neste domingo (18) em um compromisso que é visto como uma importante oportunidade para a campanha petista no Estado. O candidato à Presidência da República participa de um ato na Praça Tancredo Neves, em frente à Assembleia Legislativa (Alesc), a partir das 10h. O encontro estava previsto originalmente para o Largo da Alfândega, mas teve o local alterado por conta da previsão de público.

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Informações preliminares indicam que o ex-presidente deve chegar ao aeroporto de Florianópolis por volta das 9h e seguir direto para o local da visita. O ato deve contar com discursos no palanque sobre ações realizadas nos governos Lula. A previsão é de que o comício dure até as 14h. O candidato a vice de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), o postulante do PT ao governo de SC, Décio Lima, e o concorrente da chapa ao Senado, Dário Berger (PSB), são presenças certas.

A vinda de Lula a SC tem em especial duas motivações: a divulgação das candidaturas de Décio e Dário no Estado e a busca por aumento nas intenções de voto do ex-presidente no eleitorado catarinense. A visita fecha um roteiro do presidenciável pelos Estados do Sul — nesta sexta-feira (16), o petista estará em Porto Alegre (RS) e, no sábado, em Curitiba (PR). Nos dois casos, a presença do candidato também busca alavancar as campanhas dos nomes petistas ao governo estadual — Edegar Pretto, no Rio Grande do Sul, e Roberto Requião, no Paraná.

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A vinda ao Sul teria dividido a cúpula nacional do partido, que defendia uma ofensiva maior no Sudeste, que tem os três maiores colégios eleitorais do país e onde estão quatro de cada 10 eleitores brasileiros. Prevaleceu, no entanto, a decisão do ex-presidente de visitar a região Sul.

Visita é aposta para impulsionar campanhas em SC

A principal expectativa de petistas e políticos da aliança de esquerda em SC é de que a presença do ex-presidente ajude a alavancar em especial a candidatura de Décio ao governo. O ex-candidato ao governo pelo PT e atual concorrente a suplente de senador na chapa petista, José Fritsch, admite que a visita de Lula é motivo de “muita animação” e ajuda a “dar um gás na campanha”.

— Ganha o Lula, ganha a nossa campanha, [pela] vinculação direta de que Dário é o candidato do Lula ao Senado por Santa Catarina, não tem outro, e de que o Décio é o candidato a governador, os outros não estão viabilizando a estratégia que Lula quer. Acho que todos nós vamos sair ganhando — avalia.

O presidente do Solidariedade, partido que integra a coligação petista, Oswaldo Mafra, também espera que a visita possa permitir um crescimento da campanha de Décio, almejando até mesmo uma possível ida ao segundo turno.

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— O trabalho que Lula vai fazer em SC com sua vinda é motivar nossa militância para esse arranque final de 15 dias — afirma.

O deputado federal Pedro Uczai acredita que a visita ocorre em um momento oportuno, por ser nos últimos 15 dias da campanha, período em que os eleitores estão tomando suas decisões. Ele também aposta que a visita deve ajudar na vinculação do voto de Lula ao candidato petista.

— Vai ser a oportunidade de o ex-presidente trazer o legado do que fez por Santa Catarina, projetar a esperança e comparar com o governo Bolsonaro — aponta. 

Mais do que contribuir com os candidatos ao governo do partido, a vinda de Lula ao Sul também busca render dividendos na disputa presidencial em uma região historicamente difícil para o PT. Em SC, por exemplo, o adversário Bolsonaro teve a segunda maior votação proporcional do país no segundo turno da disputa presidencial de 2018.

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A última pesquisa Ipec contratada pela NSC, divulgada em 23 de agosto, mostrava o ex-presidente com 25% das intenções de voto, contra 50% do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). O desempenho é maior do que os 15% feitos pelo candidato petista nas eleições de 2018, Fernando Haddad, mas ainda fica aquém da expectativa de petistas, que esperam uma diminuição da diferença entre Lula e Bolsonaro em SC.

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Agenda ocorre em momento de busca por ‘voto útil’

A visita de Lula a SC ocorre apenas duas semanas antes do primeiro turno das Eleições 2022. A agenda coincide com um momento em que a campanha petista intensifica o discurso pelo chamado “voto útil”, mirando em eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) para tentar resolver a disputa presidencial sem a necessidade de segundo turno.

Lula retorna a SC mais de quatro anos após as últimas visitas, em março de 2018. Naquele mês, o ex-presidente esteve em um ato em frente à Catedral Metropolitana, no Centro de Florianópolis, e também em eventos em Chapecó e São Miguel do Oeste. As agendas ocorreram durante a passagem da caravana do petista que percorreu o país. Nas duas ocasiões, a vinda de Lula reuniu apoiadores, mas também mobilizou grupos de opositores, com protestos contra o petista.

Duas semanas depois, o ex-presidente acabou sendo preso por uma das condenações nos processos da Operação Lava-Jato — anulados em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, sem a pressão da investigação sobre os casos de corrupção e protagonista da eleição presidencial ao lado de Bolsonaro, a tendência é de uma pressão menor sobre o petista na passagem pelo Estado. Ainda assim, os compromissos causam preocupações. Publicação da jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, informou que a viagem de Lula ao Sul do país terá a segurança mais reforçada de toda a campanha do petista.

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Lula deveria ter vindo para o Estado ainda em junho, mas a agenda foi cancelada por causa da indefinição sobre quem seria o candidato ao governo — Décio Lima ou Dário Berger, que acabou cedendo e aceitando concorrer à reeleição ao Senado. Agora, com as arestas aparadas, Lula concretiza a vinda ao Estado com o desafio de impulsionar tanto a campanha de Décio, quanto o projeto de Dário ao Senado — nome historicamente associado ao MDB, e que agora tenta conquistar o eleitorado de centro-esquerda. De quebra, busca diminuir a diferença para Bolsonaro em uma busca do partido para tentar encerrar a eleição ainda em primeiro turno. Desafios expressivos que devem pautar a reta final das campanhas petistas nestas próximas duas semanas.

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